Informais protestam contra retirada de fiteiros do entorno do Mercado de São José, no Recife

Segundo a Associação de Profissionais Informais do Recife (APIR), boxes foram retirados sem aviso prévio pela Prefeitura do Recife, que nega a acusação
Katarina Moraes
Publicado em 05/11/2020 às 12:09
A manifestação ocorreu de forma pacífica, e todos os presentes usam máscara, acessório recomendado para evitar a transmissão da covid-19 Foto: JAILTON JUNIOR/JC IMAGEM


Há mais de 21 anos, Ivanise Eunice da Silva, 55, vende suas mercadorias em um box localizado na calçada do Mercado São José, no bairro de mesmo nome, no Centro do Recife. No entanto, uma requalificação tocada pela Prefeitura do Recife na área resultou na retirada do fiteiro dela e de cerca de mais 30 comerciantes em 20 de maio deste ano, e, agora, ela vive do valor recebido pelo auxílio emergencial, que tem fim previsto para dezembro. A ação da gestão municipal foi feita, segundo os trabalhadores, sem aviso prévio. Nesta quinta-feira (5), a Associação de Profissionais Informais do Recife (APIR) realizaram, às 11h, na Praça Dom Vital, o quinto protesto com o intuito de obter explicações sobre a retirada.

“Na quarta-feira de manhã, [do dia 20 de maio], me ligaram dizendo que estavam retirando. Saí avisando a todo mundo, teve gente que chegou com o fiteiro já no chão, com as mercadorias dentro. Pegou todo mundo de surpresa. Vai fazer seis meses que a gente está no aguardo, não tivemos uma reunião e a situação da gente está assim”, conta a comerciante.

A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife (Semoc) respondeu à reportagem que os trabalhadores em questão foram notificados oficialmente sobre a retirada das barracas desde 2019, quando a pasta deu início à requalificação do entorno do Mercado de São José, e que eles “participaram de todo o processo de elaboração dos projetos e receberam bancas e quiosques no Centro Comercial do Cais de Santa Rita e no Anexo do Mercado de São José, com mais conforto e qualidade para as vendas e para os clientes”. A categoria, no entanto, nega. “Eles dizem que a gente está mentindo, que a gente sabia do que estava acontecendo, mas não sabíamos”, diz Ivanise.

A presidente da APIR, Alessandra Fonseca, também afirma que não houve acordo. “Faz seis meses que a prefeitura não nos dá resposta alguma do nosso pleito. Os comerciantes foram tirados em pleno lockdown e, até hoje, não deram satisfação de nada. Depois dos nossos protestos, todas as vezes alguém da assessoria de imprensa da prefeitura anunciam que fizeram acordo com esse grupo, mas eles não fizeram acordo nenhum, é mentira. Eles disseram que a retirada dos fiteiristas era parte da revitalização do mercado. A gente pediu a planta e nunca deram, inclusive entramos na justiça porque sabemos que isso não fazia parte do projeto.”

Por nota, a Semoc explicou que sete ambulantes cadastrados já estão instalados e trabalhando e que a implantação dos demais equipamentos nos novos locais de trabalho está em fase final. Além disso, garantiu que, “nos próximos dias, o trabalho será concluído e todos estarão com seus boxes”, mas não informou final para a entrega. Quando questionada, afirmou que novos fiteiros serão alocados em variados locais, a depender do tipo de produto ou serviço oferecidos, mas todos próximos aos pontos de venda anteriores.

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