Marcas da paisagem e cartão-postal do Recife, as pontes escondem sinais de degradação por trás da beleza. Segundo o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), pelo menos quatro dessas construções (Pontes Giratória e Maurício de Nassau, no Bairro do Recife; Ponte José Barros Lima, em Joana Bezerra; e o Viaduto Joaquim Cardoso, que liga os Coelhos com a Boa Vista; todos no Centro) apresentam aparente comprometimentos. Entre os problemas notados, há serragens expostas e fissuras no composto estrutural. As vistorias do Crea aconteceram nas últimas segunda e terça-feiras.
Além dessas, foram averiguadas as situações das Pontes de Ferro e Velha, no Bairro do Recife; Gilberto Freyre e Motocolombó, em Afogados, na Zona Oeste; e Governador Paulo Guerra, no Pina, Zona Sul; que estavam em melhor estado de conservação, segundo o órgão. Ontem passaram por análise as Pontes do Limoeiro, Princesa Isabel, Duarte Coelho e Buarque de Macedo, no Centro, totalizando 12 equipamentos inspecionados.
Os resultados são de análise visual preliminar feita por profissionais da engenharia civil, engenharia ambiental, engenharia de pesca e florestal. O laudo completo, com detalhamentos e avaliação de riscos, ainda será elaborado, com previsão de publicação em dezembro. Por isso, ainda não dá para saber se as alterações oferecem perigo à população. O documento também vai trazer uma avaliação do ecossistema dos rios, com mapeamento das espécies presentes e indicadores de poluição nas bacias do Capibaribe e Tejipió.
As vistorias fazem parte da Blitz do Crea, projeto iniciado em 2016, explicou o presidente do conselho, Evandro Alencar. Esta é a primeira vez que as pontes são examinadas. Nos anos passados, o Rio Ipojuca foi objeto da inspeção. "Ficou claro para nós que havia uma necessidade de maior e melhor manutenção dessas pontes, que são muito importantes como vias de acesso e como obras de arte da nossa cidade", afirmou.
O presidente pontuou que foram selecionadas para passarem pela vistoria as construções da área central. "Temos a ideia de que são mais utilizadas no dia a dia", comentou. Das 12, só a Motocolombó passou por obras de recuperação pela Prefeitura do Recife nos últimos anos. A gestão investiu R$ 4,5 milhões na revitalização do equipamento. Outras duas pontes, a da Torre e do Derby, também passaram por intervenções que custaram R$ 11 milhões.
De acordo com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), os projetos da Ponte Princesa Isabel; 12 de Setembro - Giratória; Joana Bezerra e Joaquim Cardoso já foram concluídos, e estão na etapa de elaboração de orçamento. Em nota, a Emlurb acrescentou que também já avaliou a situação das demais pontes da cidade. "As obras serão realizadas de acordo com os critérios técnicos e disponibilização orçamentária para priorização", informou a autarquia.
Alencar defende que os reparos sejam feitos de forma constante pela prefeitura. "É muito claro que fazer a manutenção é muito mais barato que fazer a recuperação. Sem contar que a manutenção feita devidamente dentro das normas técnicas traz maior segurança", comentou. O pleito do Crea é que essas obras sigam a escala de periodicidade descrita no texto integral da Lei de Manutenções Prediais (nº 13.032), aprovada em 2016 pela Alepe mas não regulamentada em sua totalidade. "(O tempo entre manutenções) varia de equipamento para equipamento, inclusive por tempo de uso", disse.