Léo, famoso leão do Parque de Dois Irmãos, no Recife, é diagnosticado com câncer

Em outubro, o felino passou por uma bateria de exames após um sangramento na boca. Equipe de 17 especialistas participou do diagnóstico e avaliação dos cuidados médicos a serem seguidos
JC
Publicado em 18/12/2020 às 12:12
Léo foi o único sobrevivente da tragédia do Circo Vostok, em 2000, quando uma criança de 6 anos foi arrastada para dentro da jaula dos leões e devorada pelos felinos, que não eram alimentados há dias Foto: LU ROCHA/SEMAS-PE/DIVULGAÇÃO


Na mente dos jovens pernambucanos, está presente a lembrança da visita ao leão carinhosamente chamado de Léo no Parque Estadual de Dois Irmãos, localizado no Recife. Agora, com quase 21 anos, a estrela do zoológico foi diagnosticada com um tipo de câncer comum em felinos idosos, e já iniciou um tratamento especial para conter a doença. A informação foi divulgada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco (Semas), nesta sexta-feira (18). Em outubro, o felino passou por uma bateria de exames após um sangramento na boca.

Segundo a Semas, o diagnóstico foi de neoplasia (presença de células cancerígenas) na região da gengiva abaixo do canino inferior esquerdo e um comprometimento das suas funções hepáticas. As doenças estão ligadas à idade avançada do animal. Segundo dados da Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil – AZAB, os leões vivem, em média, até 12 anos em vida livre, e 20 anos em cativeiro. Os cuidados médicos a serem seguidos chegaram a ser avaliados por uma junta de 17 especialistas, ligados à Universidade Federal Rural de Pernambuco, Universidade Federal da Paraíba, instituições privadas e ao próprio Parque.

“Léo já é um animal muito idoso e este tipo de câncer é associado à sua idade, conforme indicam as pesquisas científicas relacionadas aos felinos selvagens. Atualmente, a neoplasia é uma das principais causas de óbito de animais desse tipo sob cuidados humanos”, explica, por nota, Márcio Silva, veterinário e gerente técnico científico de fauna do Parque.

Segundo ele, a doença não teria relação com seu histórico de vida, já que o leão é considerado um animal com uma trajetória muito saudável, que nunca apresentou intercorrências. “Léo foi resgatado do circo com cerca de 5 meses, muito magro, assustado e com todas as garras retiradas. Mas, aqui, foi tratado, recuperou-se rapidamente, ganhou peso, desenvolveu comportamento social excelente com os tratadores, biólogos e veterinários. É um animal que teve uma vida muito saudável e repleta de carinho de todos que cuidaram dele nesse tempo. Tudo isso levou que ele alcançasse uma longevidade tão grande e infelizmente também desenvolvesse essa enfermidade”, pontuou o veterinário.

O câncer que acomete Léo é considerado agressivo e não responde bem a tratamentos convencionais, como quimioterapia e radioterapia. A junta de especialistas também descartou a possibilidade de fazer uma cirurgia para remover o tumor, pois representaria a retirada de parte da mandíbula do animal. Isso inviabilizaria o leão de se alimentar sozinho, impossibilitaria o manejo dele no pós-cirúrgico e haveria um risco muito alto dele não conseguir retornar após aplicação da anestesia devido à sua idade avançada.

Tratamento

De acordo com a Semas, desde outubro, quando foram notados os primeiros sinais da existência de um problema e a realização de exames, o Parque Estadual de Dois Irmãos intensificou a rotina de acompanhamento de Léo, com visitas e avaliações diárias de veterinários e biólogos, com registro em um prontuário próprio para ele. Já de posse dos resultados e diante da gravidade do câncer e das circunstâncias envolvidas, a junta de especialistas decidiu adotar medicações para melhorar o funcionamento do fígado do animal, conter o crescimento do câncer e também para manter o animal sem dor ou desconforto.

“Já iniciamos o tratamento para melhorar a função hepática de Léo, usando um protetor hepático de última geração que é inserido na comida dele diariamente. Iniciamos também os tratamentos de medicina oriental e homeopatia para diminuir a taxa de crescimento do tumor. Tudo isto está associado às medicações que garantam melhor estabilidade e conforto dele”, assegurou Márcio Silva. Segundo ele, a equipe do Parque de Dois Irmãos está trabalhando de forma incansável, com o apoio dos parceiros e seguindo orientações da AZAB, para uma gestão eficiente de acordo com altos padrões éticos e de bem-estar animal.

“A equipe do Parque de Dois Irmãos está profundamente sentida. Mas, queremos assegurar a todos que estamos firmes no compromisso de proporcionar a manutenção da qualidade de vida de Léo e do seu comportamento natural”, finalizou o gestor.

Felinos abrigados no equipamento

Jaguatirica – Espécie Leopardus pardalis – Macho – Nome: Batman
Leão – Espécie Panthera leo – Macho – Nome: Leo
Onça-pintada – Espécie - Panthera onca – Macho – Nome: Pelé
Onça-suçuarana – Espécie: Puma concolor – Macho: Naruto
Onça-suçuarana – Espécie: Puma concolor – Fêmea: Nala
Gato-mourisco- Espécie: Puma yagouaroundi – Macho: Ruivo
Gato-mourisco- Espécie: Puma yagouaroundi – Fêmea: Gorda

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Pernambuco leão meio ambiente
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