Com dias de muita chuva, abril acumula tragédias, transtornos e altos índices pluviométricos em grande parte de Pernambuco
De acordo com boletim parcial da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o mês de abril, entre os dias 1º e 28, chegou a índices superiores a 200 mm em todas as regiões de Pernambuco, exceto Fernando de Noronha
O mês de abril foi de muita chuva em grande parte de Pernambuco. Do litoral ao interior, diversas localidades do Estado registraram altos índices pluviométricos, provocando queda de barreira, alagamentos e perdas irreparáveis. Dentre as tragédias, o desaparecimento de José Cláudio Botelho, 52. Ele caiu dentro de um canal da Lagoa Encantada, na Zona Sul do Recife, no dia 10 de abril. No dia 24, o Corpo de Bombeiros localizou um corpo que seria da vítima, de acordo com relatos da família à Polícia Civil. No entanto, o caso, até esta sexta-feira (30), era tratado como "morte a esclarecer".
Imagens do Recife nesta sexta-feira (30), após chuvas na madrugada:
No fim de semana de 9 a 11 de abril, por exemplo, a forte chuva atingiu a Região Metropolitana do Recife e a Zona da Mata Sul. A precipitação resultou em 78 deslizamentos de barreiras, nove quedas de árvores e 270 pessoas desalojadas, entre outros problemas. Em Jardim Monte Verde, no Ibura, Zona Sul do Recife, um pedreiro teve a casa totalmente destruída e viu sua filha presa aos escombros.
"Foi um momento de desespero. Quando ouvi o tremor, meu filho pediu ajuda, aí me levantei nas carreiras e quando vi não conseguia achar minha filha. Perguntei 'cadê minha filha?' e meu filho disse 'não sei, tá aí soterrada', e eu comecei a procurar ela, andei no barro, procurando minha filha, eu só pedia 'cadê minha filha, eu quero minha filha, Jesus'", disse José Cláudio Batista, emocionado.
Uma outra tragédia foi provocada pelas fortes chuvas que atingiram o município de Garanhuns, no Agreste. No dia 21, quando a cidade chegou a registrar 75 mm num período de poucas horas, uma mulher desapareceu após cair em uma cratera que se formou no calçamento próximo de sua casa. O corpo da vítima só foi encontrado na manhã do dia 22 de abril.
De acordo com boletim parcial da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o mês de abril, entre os dias 1º e 28, chegou a índices superiores a 200 mm em todas as regiões de Pernambuco, exceto Fernando de Noronha.
Das regiões do Estado, o Grande Recife foi o campeão na quantidade de precipitação, com 477,6 mm, em Jaboatão dos Guararapes. O bairro de Santo Amaro, área central da capital pernambucana, chegou aos 475,9 mm. Ipojuca vem em seguida, com 432,8 mm.
A Zona da Mata é a segunda região no ranking, com acumulado de 377,9 mm no município de Primavera. Em Ribeirão, o índice é de 316,5 mm; enquanto em Escada o número chegou a 314,5 mm. Já o Sertão chegou aos 319 mm, em Triunfo. Itapetim chegou aos 299 mm de chuva e Ingazeira atingiu a marca de 291 mm.
No Agreste, o município de Bonito foi quem concedeu à região o penúltimo lugar na quantidade de chuvas em todo o Estado. A cidade chegou aos 297,9 mm, seguida por Correntes com 261,5 mm e Pesqueira, 243,8 mm.
O arquipélago de Fernando de Noronha, por sua vez, teve 70,6 milímetros de chuva.
E para encerrar o mês, a sexta-feira (30) amanheceu com chuva na Região Metropolitana do Recife. De acordo com o monitoramento da Apac, entre um intervalo de 24 horas, a contar das 17h20 da quinta-feira (29) até o mesmo horário da sexta (30) a região de Campina do Barreto, na Zona Norte do Recife, registrou 64,75 mm, seguida por Alto do Céu (Recife), 57,70 mm, Aguazinha (Olinda), com 56,35 mm, Dois Unidos (Recife), 49,80 mm, e Águas Compridas (Olinda), com 41,59 mm.
Em comparação aos 30 dias de abril de 2020, o Grande Recife também registrou altos índices de precipitação nos seguintes municípios: Abreu e Lima (328 mm), Paulista (310 mm) e Olinda (308 mm).
O Agreste aparece em seguida. Tupanatinga (312 mm), Buíque (301 mm) e Lajedo (270 mm).
Já na Zona da Mata, os destaques são para os seguintes municípios: São José da Coroa Grande (278 mm), Sirinhaém (249 mm) e Condado (230 mm).
O Sertão registrou os menores índices de precipitação. Dormentes (228 mm), Iguaraci (227 mm) e Ingazeira (218 mm).
Apesar dos altos índices pluviométricos, a Apac afirma que são esperadas chuvas que podem chegar a 300 mm. "Nós estamos no período chuvoso, que tem início em março no Interior e em abril no litoral, e segue até meados de agosto. Então, nós sempre esperamos que chova na média. No mês de abril, a média é de 250 a 300 milímetros", explicou a meteorologista Edvania Santos.
Comparação
Os 477,6 mm de água registrados em Jaboatão no mês de abril supera o registrado neste mesmo mês em 2020. Além disso, maio do ano passado também ficou abaixo deste número, com 359,8mm acumulados em Itamaracá, na RMR. Junho de 2020 também não bateu a marca e acumulou 468mm em Amaraji, na Zona da Mata, enquanto julho passou ainda mais longe, registrando máxima de 299,9 em Igarassu, na RMR.