Na manhã deste sábado (15), o Corpo de Bombeiros localizou os corpos das duas últimas vítimas que estavam soterradas após deslizamento de uma barreira no bairro de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A informação foi confirmada por um funcionário da Defesa Civil. Foram localizados os corpos de Osvaldo Pessoa de Siqueira, 39 anos, e Isabeli Pessoa de Siqueira, 12 anos, filha dele. Segundo as equipes de busca, eles morreram abraçados no sofá da sala. Os corpos foram encontrados 40 horas depois do início dos trabalhos para encontrar a família que estava soterrada.
Na quinta-feira (13), o corpo do outro filho, Otávio Pessoa de Siqueira, 16 anos, já havia sido localizado e retirado dos escombros, por volta das 20h30. Na manhã da sexta-feira (14), as equipes de resgate encontraram o corpo de Sílvia Regina da Silva, 36 anos, esposa de Osvaldo.
As quatro pessoas da mesma família foram soterradas durante o deslizamento de uma barreira de mais de 50 metros no bairro de Cavaleiro, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. A barreira cedeu após as fortes chuvas que atingiram a Região Metropolitana do Recife na quinta-feira (13).
A família morava no local desde 2013, segundo uma sobrinha de Osvaldo, Taís Siqueira, 25. Durante todo a sexta-feira (14), ela e outros parentes acompanharam o trabalho dos bombeiros e da Defesa Civil de Jaboatão. "A gente queria que fossem encontrados vivos", afirmou Taís. A casa fica na 6ª Travessa Murilo Braga. No momento da queda da barreira, entre 17h e 17h30, chovia muito. O temporal dificultou o trabalho de resgate. Antes da chegada dos bombeiros, vizinhos se mobilizaram para tentar salvar os moradores da casa. Continuaram mesmo com a presença dos policiais.
Durante as buscas, retroescavadeiras auxiliaram na retirada do concreto e do barro encharcado. Cães farejadores e os próprios moradores também ajudam as equipes.
Por estarem em área de risco, próximos da barreira que caiu, 12 imóveis foram interditados pela Defesa Civil de Jaboatão. "Interditamos cinco na quinta-feira e sete hoje (sexta, dia 14), pois mais massa de barro pode desmoronar, mesmo que não haja mais chuva. Pedimos que as famílias fossem para casa de parentes ou amigos pois diante da pandemia de covid-19, é melhor evitar irem para abrigos", explicou o superintendente de Proteção e Defesa Civil de Jaboatão, coronel Artur Paiva. "Depois de quatro ou cinco dias de dias com sol, quando reduzir a umidade do solo, teremos condições de fazer uma avaliação definitiva para liberar ou manter as interdições", informou o coronel.
Apesar de a chuva forte ter cessado na localidade, a área ainda é de risco, e as equipes precisam observar constantemente a situação para que não sejam atingidas por um novo deslizamento. "Encontramos aqui uma situação de grande risco de novos deslizamentos. Então, temos que trabalhar e observar para que, caso seja preciso, nós possamos sair rapidamente e em segurança", disse o tenente-coronel Anderson Barros, responsável pelas buscas.
Prefeitura lamenta "fatalidade"
A Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, emitiu uma nota lamentando o deslizamento de terra. Na noite de quinta-feira (13), a chuva abriu uma fenda de aproximadamente 100 metros na barreira, o que provocou o deslizamento.
"A Prefeitura do Jaboatão dos Guararapes lamenta a fatalidade ocorrida na noite desta quinta-feira e se solidariza com a família nesse momento de perda", diz o texto.
A gestão municipal informou ainda que presta apoio aos familiares, e que eles serão acompanhados pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania. Equipes da Defesa Civil do município estiveram no local do incidente para prestar auxílio social e avaliar o cenário após as fortes chuvas.
Segundo a prefeitura, cinco imóveis em situação de risco foram interditados na área, e os moradores foram deslocados para a casa de familiares. Eles também serão acompanhados pelas equipes de assistência social.
A gestão municipal disse ter investido no bairro de Cavaleiro, mais de R$ 13 milhões em obras estruturadoras nas encostas, com a construção de 103 muros e instalação de mais de 20 mil metros quadrados de telas de proteção. Um muro de contenção deverá ser construído no local para evitar novos deslizamentos.