A Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo) denunciou, nessa sexta-feira (15), a Prefeitura do Recife por ter arrancado e danificado o paraciclo - tipo de bicicletário - instalado pela própria organização na Comunidade Vila Santa Luzia, na Torre, Zona Oeste da cidade. O caso aconteceu durante serviços de recapeamento da via realizados por empresa contratada sob responsabilidade da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), que garantiu que providenciará o reparo.
Um vídeo de câmera de segurança próxima ao local onde o paraciclo estava que mostra a ação foi compartilhado pelas redes sociais da Ameciclo. Uma retroescavadeira arranca o equipamento, instalado e utilizado pelo Centro de Ensino Popular e Assistência Social de Pernambuco Santa Paula Frassinetti (Cepas) enquanto a equipe assiste à cena.
Pelas redes sociais, organizadores repudiaram o ato. "A Ameciclo e o CEPAS estavam proporcionando um serviço de mobilidade sustentável e substituindo as vagas gratuitas de automóvel por algo útil: um estacionamento e um serviço compartilhado de bicicletas para que os moradores utilizassem para trabalhar, estudar, se divertir... A Prefeitura destrói o equipamento do sistema e gasta alguns milhões de reais para reestabelecer uma rua só feita para carros transitarem e estacionarem", denunciaram.
Além disso, pediram uma retratação da Prefeitura. "Diante desse ato, pedimos uma retratação da @prefrecife e do prefeito @joaocampos, bem como a implantação de um novo equipamento para reparar o prejuízo causado pelos funcionários que estavam ali sob ordens da gestão municipal. A comunidade precisa ter o paraciclo de volta para que possam ter o seu direito à cidade, que há tanto tempo e por tantas vezes é negado, garantido."
Como resposta à indignação, a Emlurb informou que lamenta o ocorrido. "A Emlurb já entrou em contato com a empresa responsável pelo serviço para averiguar o ocorrido e providenciar o reparo", disse.
Iniciativa premiada
O paraciclo faz parte do Bota pra Rodar, da Ameciclo: uma iniciativa premiada nacional e internacionalmente por influenciar o uso de um meio de transporte sustentável. O projeto consiste em várias etapas. A primeira recolhe bicicletas que estavam sem utilização em condomínios e casas, então discute sua implantação com moradores locais, depois faz oficinas de mecânica com jovens - que participam do processo -, e, por fim, cria um sistema de bicicletas compartilhadas gerido pela comunidade.
Na Vila Santa Luzia, o Bota pra Rodar havia chegado em abril deste ano. Ao todo, 15 bicicletas foram disponibilizadas para a população residente na comunidade. Atualmente o projeto também está presente no bairro da Ilha do Retiro, na comunidade de Caranguejo-Tabaiares.