Secretário de Turismo de Pernambuco, Rodrigo Novaes explicou, nesta quarta-feira (22), que, se for autorizado o Carnaval no Estado pelas autoridades sanitárias - decisão que será divulgada em janeiro de 2022 -, serão estudadas alternativas para que a festa tenha cuidados sanitários, em meio à pandemia de covid-19 e o surgimento da variante ômicron.
Entre as opções, o governo deverá estudar a realização de desfiles de blocos em ambientes fechados. Novaes citou, como exemplo, a Arena de Pernambuco, o Centro de Convenções e o Geraldão.
- Pitombeira dos Quatro Cantos anuncia que não irá às ruas no Carnaval de 2022
- 'Carnaval 2022': Folia no Rio de Janeiro é liberada pelo comitê científico da prefeitura
- Além de adiar Carnaval, vereadores querem nova edição do Auxílio Municipal Emergencial
- João Campos promete decidir sobre Carnaval no Recife na segunda quinzena de janeiro
"O nosso Carnaval tem a característica de Carnaval de rua, de grandes blocos, como o Galo da Madrugada, ou menores que acontecem todos os dias em Olinda, mesmo neste período pré-carnaval. Temos atenção para que possam se apresentar e é alternativa, mas será objeto de estudo, caso possível realizar, analisar em que formato pode acontecer. Uma das (opções) que será estudada é a apresentação de blocos em equipamentos de ambientes fechados", disse Novaes.
Confira a explicação do secretário de Turismo de Pernambuco:
O secretário destacou que há ânimo em retomar as atividades "o mais rápido possível", mas que a prioridade deve ser o foco na saúde. Assim, ele fez questão de ressaltar que não está afirmando que serão realizadas as festividades neste formato, mas que é uma alternativa a ser estudada.
Festas privadas
Sobre eventos em ambientes privados, Novaes trouxe que, desde setembro, festas podem ser realizadas em Pernambuco com público atualmente de até 7.500 pessoas. "Caso não aconteça um evento que faça voltar atrás nas questões sanitárias, pois vemos casos na Europa, algumas cidades em lockdown, se não chegar ao Brasil, vamos continuar com essas condições e, quem sabe, até ampliar". Ele completou alegando que essas festividades serão tratadas no anúncio de janeiro, visto que o Carnaval requer medidas específicas. "Nosso desejo é de que possa fazer festas privadas e públicas", comentou.
Por fim, Rodrigo Novaes disse que independentemente do formato escolhido, o Carnaval não poderá ocorrer sem controle de ambiente, sem saber se as pessoas presentes tomaram a vacina contra covid-19. "Festas abertas com publico, mesmo com ampliação de vacinação, as autoridades, os conselhos, a ciência não recomenda. Não descarto, mas possivelmente não acontece no formato que a gente conhece", disse.
Economia
A Folia de Momo movimenta várias cadeias produtivas, gerando emprego e renda. Já a sua suspensão teve impacto arrasador sobre economia criativa (cantores, músicos, artistas plásticos, fotógrafos), turismo, informais, empresas e muitos outros.
Em 2020, foi realizado o último Carnaval em Pernambuco antes que fosse decretada pandemia de coronavírus (covid-19). Justamente naquele ano, o Estado teve um dos melhores indicadores de receita gerada pela Folia de Momo dos últimos tempos.
- Secretário de Cultura do Recife sugere que Carnaval 2022 pode ocorrer a partir de maio
- Médicos consideram 'irresponsabilidade' realizar Carnaval 2022
- Vereadores do Recife e de outras capitais cobram posicionamento de prefeitos a respeito do Carnaval 2022
- Representante do Galo da Madrugada defende 'Carnaval dos Vacinados' em 2022
Segundo a Secretaria de Turismo e Lazer de Pernambuco, a receita turística atingiu a marca de R$ 2,3 bilhões durante o Carnaval de 2020, o que representou um incremento de 17,9 % em relação ao ano de 2019.
De acordo com o órgão, à época, o aumento dos números se deu em grande parte pela chegada de aproximadamente dois milhões de visitantes nos dias de festa, 3% a mais do que no ano anterior.
Ainda segundo as pesquisas da Secretaria, 64,61% dos que vieram ao Estado tiveram o Carnaval como a principal motivação da viagem. Já 16,64% vieram para passear e 7,47% visitar parentes ou amigos.
Análise
No início deste mês, diversos setores trataram da possível suspensão do Carnaval Comissão em comissão especial da Câmara do Recife que debate o impacto econômico da festa.
Assessor da Federação do Comércio do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), o economista Ademilson Saraiva tratou do efeito econômico positivo que o Carnaval do Recife tem sobre outras regiões do Estado e sobre o setor da economia criativa, além de sua função social como festa de rua.
Ele analisou, no entanto, que o segmento comercial precisa de sinais do poder público para atuar com eficiência durante o festejo. “Mais uma vez, a instituição vai estar próxima das decisões da Prefeitura e do Governo do Estado, realizando a intermediação entre os setores públicos e privados. Existe a perspectiva de uma tomada de decisão efetiva a partir da segunda quinzena de janeiro, mas sabemos que existe uma preparação para os eventos. O meio empresarial trabalha com expectativas e com o planejamento de estoque e mão-de-obra para atender a demanda desse período”.
Presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Pernambuco (Abrasel-PE), André Araújo lembrou o posicionamento da entidade em prol do fomento à vacinação e pediu que o poder público tomasse decisões equilibradas. “Abrasel foi a primeira entidade no país a pregar a campanha pela vacinação. Temos que nos amparar nos critérios da saúde. Sou folião e sei o que são as grandes aglomerações. É preciso ter a prudência de se equilibrar o posicionamento de até onde se pode liberar. Do ponto de vista sanitário, pode haver alterações que em dez, 15 dias mudam completamente o cenário”.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Informal (SINTRACI), Edvaldo Gomes, deu um relato sobre o impacto da ausência do Carnaval para a categoria. “O comércio informal sofreu muito com esse vírus que assolou o Brasil e o mundo. A gente não tem renda fixa, não tem 13º salário, não tem férias, não tem nada. Só tem o dia e a noite para trabalhar”, expôs. “O Carnaval não é só somente cinco dias. O problema são as prévias. São três meses em que a pessoa ganha o seu dinheirinho. A renda cai quase 70% no inverno. Não sou contra, nem a favor do Carnaval. Mas como a pessoa vai viver? Se os políticos sustentarem as mães e pais de família que não têm renda fixa, é melhor não ter Carnaval. Os comerciantes informais precisam de dinheiro para comprar comida e pagar os seus aluguéis”.
O vice-presidente do Galo da Madrugada, Rodrigo Menezes, também deu o seu depoimento. Ele citou números que dão uma ideia da falta que a realização do Carnaval pode fazer no orçamento de diversas empresas, artistas e famílias. “No desfile do sábado, geramos mais de 5 mil empregos diretos, fora as centenas de milhares de empregos indiretos. Há uma estimativa de mais de 50 mil pontos de comércio informal. No dia do Galo, contratamos mais de 1,2 mil artistas locais, classe que vem há dois anos sendo massacrada”, comentou. “O Galo representa a maior contratação de trios elétricos do nosso Estado. São equipamentos caros e que estão sendo sucateados, e cada trio é uma empresa de 15 a 20 funcionários que estão sem conseguir sobreviver. Temos um trabalho muito forte, também, com os catadores de latas e recicláveis”.
Secretário de Turismo de Pernambuco faz balanço do turismo em 2021: 'Motivos para comemorar'
A rápida recuperação da malha aérea e a boa ocupação da rede hoteleira foram destacadas por Rodrigo Novaes.
Um ano desafiador, mas que termina com muitos motivos para comemorar. Esta foi a avaliação feita do turismo em 2021 em Pernambuco. O Secretário de Turismo e Lazer de Pernambuco, Rodrigo Novaes, junto com o presidente da Empetur, Antonio Neves Baptista, reuniram jornalistas na tarde desta quarta (22), no Restaurante Cais Rooftop, no Centro Cultural Cais do Sertão, no Bairro do Recife, e fizeram um balanço positivo do setor neste ano, apesar da pandemia e da crise no país como um todo.
"Mesmo em um momento de tantos desafios e dificuldades a gente tem motivos a comemorar no que diz respeito as atividades do turismo. A gente conseguiu fazer a melhor retomada da malha aérea do país. Tivemos aumento real no número de voos em relação ao mesmo período de 2019, anterior à pandemia. Nós retomamos em grande parte a ocupação da nossa rede hoteleira, graças a um trabalho dedicado de articulação, promoção e publicidade. Rodamos esse país todo divulgando o nosso Estado, fizemos um trabalho de estruturação para divulgar também destinos do interior do Estado que receberam mais turistas. Recife teve a procura aumentada em 600% durante a alta temporada", informou Rodrigo.
Para este mês de dezembro, a Anac autorizou 6.792 voos (pousos e decolagens) no Aeroporto do Recife, o que representa um crescimento real de 5% comparado a dezembro de 2019. No mês passado, a movimentação de passageiros (739.312 pessoas) foi 6% do que em novembro de 2019 (698.535). O Roadshow "Pernambuco Como Você Nunca Viu" passou por 9 cidades, capacitando 600 agentes e operadores de viagens.
"Também tivemos investimentos que saíram do papel para a melhoria da nossa infraestrutura tanto viárias, das estradas, como também de saneamento, como é caso de Porto de Galinhas. Obras de estruturação como construção de equipamentos culturais espalhados em mais de 30 municípios do Estado. Tudo isso nos faz ter a certeza de que no ano de 2022, tão logo a gente possa se livrar de uma vez por todas da pandemia e colher tudo o que foi plantado nesse período, a gente vai ter uma geração de emprego e renda, uma participação maior do turismo no que diz respeito ao PIB do nosso Estado. Isso é motivo pra gente verdadeiramente comemorar”, finalizou o secretário.
Comentários