Reportagem atualizada em 14 de dezembro de 2021*
"Olá, meu nome é John Samuel Guedes de Araújo, tenho 4 anos e gostaria de ganhar um carrinho ou uma bola. Gosto muito de estudar e moro com meus pais". Essa foi uma das milhares de cartinhas que o Papai Noel dos Correios recebeu neste fim de ano, numa campanha que há 30 anos realiza sonhos de crianças de todo Brasil. Agora, com uma novidade: o processo de adoção das cartinhas pode ser feito inteiramente online, até 17 de dezembro em Pernambuco. E apesar do bom velhinho ter fama de conseguir visitar casas em todo o mundo com seu trenó, ele precisa da sua solidariedade para comprar todos os pedidos necessários e distribuir sorrisos nesta época mágica.
Os Correios recebem todos os anos cartas manuscritas de crianças de até 10 anos, em vulnerabilidade social ou de pessoas com deficiência de qualquer idade de todo o país. Nos meses que antecedem a campanha, as redes públicas de ensino também são contatadas e estimuladas a enviar os pedidos dos alunos. Os desejos são os mais variados, desde bicicleta, patinete, patins, celular e videogame, até boneca, maquiagem, calçado, bola, roupa, sapato e carrinho. A orientação é que quem não puder arcar com um presente mais caro, que doe um outro simbólico.
A coordenadora regional da campanha, Daniela Machado, explica que as cartas, ao chegaram à sede dos Correios, passam por uma triagem. Isso porque a ação também tem o objetivo de estimular a leitura e a escrita das crianças, então só aceita textos mais longos e não aceita alguns pedidos - como de cesta básica, por exemplo. A empresa, então, fica responsável por todo trabalho de logística e destinação dos presentes até a casa ou à escola do pequeno. Tudo feito voluntariamente pelos próprios funcionários dos Correios.
"Vamos fazer uma primeira entrega festiva em uma creche em Olinda com o Papai Noel, que até o dia 17 de dezembro vai ter entregue todos os presentes. As crianças que fizeram o cadastro com a escola, recebem na escola. As que fizeram de casa, recebem em casa", disse Daniela, que completou: "é um desafio muito grande, mas é uma delícia estar podendo entregar o pouco que temos do nosso tempo e trabalho para a criançada".
Carlos Marques, Papai Noel dos Correios em Pernambuco há 20 anos, coleciona boas histórias das entregas presenciais dos presentes, interrompidas no último ano devido ao perigo de contaminação pela covid-19. "Ouvimos muitas histórias. Já teve criança que pediu um galeto para ter uma ceia de Natal. Outro queria uma festa de aniversário do Santa Cruz e um cachorrinho de verdade, e conseguimos realizar. Foi lindo", relatou. Para o bom velhinho, é um privilégio participar dessa ação. "O espírito de Natal de solidariedade toca os corações. Ficamos impacientes vendo tantas cartas e poucos presentes", disse.
Ele conta que a história do Papai Noel dos Correios nasceu pela iniciativa de empregados da estatal que, durante o trabalho, recebiam as cartinhas com pedidos de crianças. Alguns, então, começaram a adotá-las e enviar os primeiros presentes. Depois, a ação foi crescendo e se transformou em um projeto institucional da empresa, permitindo que você também entre nesse ciclo de solidariedade. "Precisamos de mais padrinhos para adotar, esse ano estão mais tímidos. Agora, esse é o nosso foco", pediu Luciana.
*A reportagem foi atualizada porque o prazo para entrega dos brinquedos, antes 13 de dezembro, foi ampliado.