PANDEMIA

Pernambuco começa a adotar novo protocolo em meio a temor de desabastecimento de testes de covid-19

Nas novas medidas, além do comprovante completo de vacinação, o Estado passa a cobrar, em alguns casos, teste negativo para a covid-19. Iniciativa privada, no momento, recomenda maior triagem para liberação da testagem nos laboratórios

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Lucas Moraes

Publicado em 13/01/2022 às 12:41 | Atualizado em 19/01/2022 às 21:44
A média móvel de novos registros nos últimos sete dias beirou 100 mil - SERGIO LIMA / AFP

Atualizada às 18h32

O avanço dos casos de covid-19 fez com que o governo de Pernambuco passasse a adotar medidas mais restritivas para circulação de pessoas em ambientes propícios à aglomeração. Serviços de alimentação e bebidas, como bares e restaurantes, cinemas, teatros e até grande eventos, a depender da quantidade de público, exigem o comprovante vacinal completo e teste negativo para a covid-19 a partir desta sexta-feira (14). O momento faz com que seja necessária a adoção das medidas, mas os laboratórios de medicina diagnóstica podem não estar preparados para mais pressão na demanda. A associação das empresas já alerta para o maior rigor na triagem para realização dos testes, visando à evitar o desabastecimento. 

A partir desta sexta-feira (14), será exigida a apresentação de passaporte vacinal para se ter acesso a serviços de alimentação, cinemas, teatros e museus. Já os eventos terão a capacidade máxima reduzida para três mil pessoas e, além da exigência de comprovação de duas doses, será preciso apresentar um teste negativo para covid-19. As medidas são válidas até o dia 31 de janeiro.

Nos serviços de alimentação, será exigido o passaporte vacinal com duas doses ou dose única para pessoas até os 54 anos de idade e, a partir dos 55, também o reforço. A quantidade de pessoas por mesa não pode passar de 20. A medida é válida para restaurantes, bares e lanchonetes, inclusive de shoppings e centros comerciais.

Nos cinemas, teatros e museus, a regra do passaporte vacinal é a mesma dos serviços de alimentação. Também deve ser respeitado o distanciamento de 1 metro entre pessoas que não sejam do mesmo núcleo familiar. Caso haja mais de 300 pessoas no ambiente, ainda será exigida a apresentação de um teste negativo para covid-19, sendo com 24 horas de antecedência para exames de antígeno e de 72 horas para exames de RT-PCR.

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Para eventos, houve uma redução no público permitido. Agora, o limite é de até 3 mil pessoas em locais abertos, de 1 mil em espaços fechados ou 50% da capacidade do local, valendo o que for menor. Além da comprovação vacinal com duas doses ou dose única para quem tem até 54 anos e o reforço para quem tem a partir de 55, também haverá a necessidade de apresentar o teste negativo para a covid para eventos com mais de 300 pessoas - relembrando que o exame deve ser com 24 horas de antecedência no caso do teste rápido de antígeno e 72 horas para exames de RT-PCR.

Embora necessárias, as medidas devem levar mais gente em busca da realização de testes, tanto antígeno quanto RT-PCR, e esse acréscimo, na demanda que já tem sido fora do previsto, pode levar a um colapso no atendimento. 

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) já alertou esta semana que, assim como em outras partes do mundo, a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico da Covid-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames.

"Não é possível mensurar nesse momento até quando poderemos atender, pois os estoques são variados dependendo do laboratório e da região, mas há um risco real de desabastecimento", alerta o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik. 

O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) já apresentou ofício ao ministro  da Saúde, Marcelo Queiroga, com demandas com outras demandas e também "o aporte de recursos financeiros para abertura, no menor tempo possível, de pontos de testagem em massa para acesso de primeiro contato de toda a população".

A Abramed já recomendou a priorização de pacientes para efetuarem os testes, segundo uma escala de gravidade.

"O ideal seria seguirmos testando todo mundo que se expôs de alguma forma, porém, com o cenário que vislumbramos a curto prazo, recomendamos fortemente que sejam submetidos a testes apenas os pacientes que tenham maior gravidade de sintomas, pacientes hospitalizados e cirúrgicos, pessoas no grupo de risco, gestantes, trabalhadores assistenciais da área da saúde, e colaboradores de serviços essenciais, cessando a testagem de contactantes, assintomáticos e pessoas com sintomas leves, que devem permanecer em isolamento até que o cenário seja normalizado, deixando a possibilidade de teste para os pacientes mais críticos", reitera Shcolnik.

Estoque do Estado

Em coletiva de imprensa na última terça-feira (11), o secretário de Saúde do Estado, André Longo, afirmou que o Estado está abastecendo os municípios com testes. 

 "Nós temos testes rápidos. Estamos abastecendo os municípios. Adquirimos mais de um 1 milhão de testes, e temos testes que estão sendo prometidos pelo Ministério da Saúde. Alguns já vieram, mas a última vez que vi o nosso estoque, ele estava na casa dos 600 mil testes ainda, testes de antígeno", disse o secretário.

Quanto aos testes RT-PCR disponíveis na rede pública, o secretário garantiu, na ocasião, ter uma quantidade para "vários meses". "A gente não tem problema de testes, por aqui, mas queremos mais testes. Queremos que municípios testem cada vez mais. A gente precisa testar assintomático, não só quem tem sintomas", afirmou. 


 

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