Um dos maiores achados arqueológicos urbanos do País é encontrado no Recife

Com a ajuda da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Prefeitura da Cidade que transformar o local em um parque arqueológico
Bruno Vinicius
Publicado em 12/03/2022 às 22:06
Prefeitura anuncia maior achado arqueológico urbano do país Foto: Rodolfo Loepert/PCR Imagem


O Recife pode ter descoberto um dos maiores achados arqueológicos do Brasil. Durante o início das construções de um conjunto habitacional na comunidade no Pilar, no Bairro do Recife, foram achadas relíquias arqueológicas do século 17. Com a ajuda da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Prefeitura da Cidade quer transformar o local em um parque arqueológico, que será aberto à população e aos turistas que visitam o bairro histórico.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco, por meio da Fundação Apolônio Salles de Desenvolvimento, realizou estudos de pesquisa e mapeamento entre os anos 2014 até 2020. Nesse período, foi possível contabilizar 40 mil fragmentos: cerâmicas, peças de jogos, tijolo holandês, garrafas de bebidas, perfume, remédio, moedas, bala de canhão, escova de dente e ossadas foram os objetos encontrados. Pesquisadores também conseguiram enxergar vestígios do Forte de São Jorge sob a Igreja do Pilar. Na fase de pesquisa, ainda, também foram encontradas casas e armazéns.


O anúncio foi feito neste sábado (12), aniversário do Recife, pelo prefeito João Campos. "Aqui está prevista a construção de alguns habitacionais. No momento em que a gente estava fazendo as escavações, a gente encontrou alguns achados arqueológicos. Com isso, a Universidade Federal Rural de Pernambuco foi chamada para participar do projeto, foram feitas várias escavações e aqui foi encontrado talvez um dos maiores achados arqueológicos em áreas urbanas do Brasil. São mais de 100 ossadas, também foram encontrados um antigo cemitério e um antigo forte que remetem ao século XVII, construção de, aproximadamente, ano 1630. Certamente foi um espaço construído pelos portugueses para fazer a resistência contra os holandeses", apontou o prefeito.

"Devido a esse achado, a gente está agora formando um grupo de estudos na Prefeitura, com Instituto Pelópidas Silveira, a URB e a secretaria de Infraestrutura para poder definir quais serão os próximos passos. A gente está diante de um grande achado arqueológico e lógico que a gente vai preservar esse material, preservar essa área e construir novas alternativas para as habitações aqui planejadas. Para que a gente possa conciliar a necessidade de construção de moradias com a necessidade de preservação do nosso patrimônio histórico, afinal de contas aqui está mais um superlativo recifense: um dos maiores achados arqueológicos em áreas urbanas do Brasil", comemorou João Campos.

Outros vestígios

Para os estudiosos que estão à frente do trabalho esse pode ser o maior cemitério arqueológico já encontrado no Brasil. Há uma estrutura que possui enterramentos articulados, sendo possível recontar a história a partir dos seus achados. Mais de 100 ossadas humanas já foram encontradas nessa área e estão em estudos na UFRPE. O cemitério encontrado tem indícios de ter recebido pessoas mortas na guerra e vítimas de doenças, como a cólera e gripe espanhola, que matou mais de quatro mil recifenses, entre os séculos de XVI ao XX.

Forte de São Jorge 

No dia do aniversário, a capital mais antiga do País também tem o maior forte do território brasileiro do século 17. O Forte de São Jorge foi utilizado pelos portugueses como uma forma de resistência contra a invasão holandesa. A área dispõe de uma das mais modernas estruturas da época. Dados da iconografia apontam que os holandeses denominaram "Forte de Castelo de Terra”. O que leva a crer que sua aparência é de um castelo. Em 1630, o espaço foi palco de um importante conflito, quando os holandeses tentaram invadir a cidade do Recife.

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