DIREITOS HUMANOS

DIA NACIONAL DA ADOÇÃO: famílias transformadas pela adoção falam sobre processo, espera e construção do amor

Neste 25 de maio, conheça histórias de crianças e adolescentes que, por meio da adoção, tiveram a chance de serem amados em um lar

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 24/05/2022 às 18:59 | Atualizado em 25/05/2022 às 13:33
Valdemir Rodrigues da Silva, de 56 anos, e o então companheiro adotaram Anderson e Jonathan - DAY SANTOS/JC IMAGEM

O desejo de ser pai sempre esteve presente na vida do médico Valdemir Rodrigues da Silva, de 56 anos, mas, por ser homossexual, sabia que precisaria buscar vias não-biológicas para torná-lo uma realidade. Então, junto ao companheiro, decidiram enfrentar o processo de adoção, e por isso comemoram, nesta quarta-feira (25), o Dia Nacional da Adoção.

De uma união de 25 anos, vieram os irmãos Anderson e Jonathan, hoje com 12 e 8 anos, respectivamente, para encher o lar de alegria.

"Fomos procurar saber como funcionava e recebemos um folheto do Grupo de Apoio à Adoção do Recife (GEAD). A partir daí, começamos a frequentar as reuniões preparatórias, e um ano depois nos cadastramos. Quando isso acontece, pareceu que engravidamos. Ainda demorou mais um ano e meio para encontrarmos os meninos", disse ele, que hoje preside o Gead Recife.

As preparações os tornaram mais seguros, mas os desafios vieram mesmo com a convivência do dia a dia. "O amor é construído as poucos, no cuidado, na proteção, na educação e no aconchego. De repente, somos tomados por esse amor. Nessa vinda, também sentimos a entrega deles".

A história já é diferente da assessora executiva Nísia Correia, 50, e do segurança Isaque Cavalcanti, 32. Após sofrerem um aborto espontâneo, decidiram não tentar mais ter filhos biológicos pelo sofrimento causado pela perda, e optaram pela adoção. Em 2014, deram entrada no processo, logo começaram a enfrentar preconceitos. "Não é fácil. Por isso Todo pai e mãe por adoção vira um ativista da causa."

Assessora executiva Nísia Correia, 50, e do segurança Isaque Cavalcanti, 32, junto a Sofia, de 2 anos - CYNDI DANIELLE/CORTESIA

A espera também foi longa, de 5 anos e 4 meses, mas foi encerrada por uma ligação na semana do Dia das Mães de 2020, que anunciava que Sofia, à época com 3 meses, precisava de um lar. "Nesse momento, entramos em trabalho de parto. Estava na pandemia, tudo em lockdown.  A primeira vez que a vi foi por chamada de vídeo justamente no Dia das Mães", contou.

Dias depois, ela foi buscar a criança em uma casa de acolhimento, e conta ter sentido um "amor à primeira vista". "Nem sempre é assim, mas comigo foi. A primeira vez que a peguei no colo, ela olhou no meu olho e deu um sorriso. Meu coração batia forte." Em casa, foi preciso paciência com a adaptação. "A primeira semana foi um pânico, mas aos pouquinhos ela foi aprendendo a ser filha, e nós a sermos pais."

Como está a fila de espera para adoção?

Em Pernambuco, há 160 crianças e adolescentes aptas à adoção, segundo o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Já o número de pretendentes é de 948 no Estado: mas só 14 pensam em adotar adolescentes, por exemplo. Uma estatística que se repete proporcionalmente por todo o país e impede que a fila seja zerada.

Do total, 68,7% dos pretendentes só aceitam adotar uma criança, 29,8% aceitam dois irmãos e só 1,5% aceita acima de dois. Ainda, 96,3% só aceitam crianças sem deficiência, enquanto 3% declaram aceitar com algum tipo de deficiência e 27% aceitam com algum tipo de doença.

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