O uso de spray de pimenta no porta-malas de viaturas para "improvisar" câmaras de gás parece ser uma prática aprendida no universo militar. O jornal O Globo teve acesso ao vídeo de uma aula de curso preparatório para carreiras militares, onde aparece um professor descrevendo, entre sorrisos, a aplicação de spray de pimenta em uma pessoa presa no porta-malas da viatura.
Este método foi utilizado nesta quarta-feira (25) contra Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Sergipe e resultou na morte do detido e chocou o País.
Segundo O Globo, naas imagens, que circulam nas redes sociais, o professor Ronaldo Bandeira conta sobre um episódio no qual um preso está dentro do bagageiro da viatura enquanto os agentes registram a ocorrência.
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Em seguida, o professor sorri. E acrescenta:
— Foda-se, é bom para caralho, a pessoa fica mansinha — disse. — Aí daqui a pouco só escuto assim: Eu vou morrer, eu vou morrer, aí fiquei com pena. Eu abri assim e falei: tortura! Sacanagem, fiz isso não — disse.
A administração do cursinho coordenado por Bandeira disse ao O GLOBO que o vídeo foi filmado em 2016, tem mais de 3 horas de duração e foi tirado de contexto.
A aula, segundo o cursinho, era sobre a Lei Penal 9.455, que trata do crime de tortura. Procurado por O GLOBO, Bandeira disse que vai emitir uma nota oficial.
Entenda o caso Genivaldo:
Genivaldo de Jesus dos Santos, 38 anos, morreu, segundo laudo do IML, por asfixia, após durante uma abordagem ser colocado no porta-malas de uma viatura da PRF e submetido a disparos de gás lacrimogênio e spray de pimenta.
Os agentes da PRF, no entanto, registraram que Genivaldo havia morrido por conta de um mal súbito., após a abordagem que foi filmada, nessa quarta-feira (25).