Há exatamente uma semana do pior dia da tragédia provocada pelas chuvas que atingem Pernambuco e deixaram 128 mortos, principalmente na Região Metropolitana do Recife, o medo voltou a dominar a população. E, dessa vez, os moradores da comunidade que até agora representava o cenário da maior tragédia do Estado: o Córrego do Boleiro, em Nova Descoberta, periferia da Zona Norte do Recife, e onde, em 1996, 12 pessoas morreram de uma só vez num deslizamento de barreira.
No início da tarde deste sábado (4/6), depois de uma manhã de chuva constante - embora não intensa -, uma barreira deslizou parcialmente e atingiu uma casa da comunidade. Quatro pessoas estavam no imóvel, mas segundo informações do Corpo de Bombeiros Militares de Pernambuco, todos conseguiram sair dos escombros, sem ferimentos e com a ajuda de vizinhos.
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O deslizamento aconteceu depois do meio-dia, nas imediações da Escola Municipal Poeta Joaquim Cardozo. Os bombeiros militares chegaram a ir ao local, assim como a Defesa Civil do Recife. Segundo informações do órgão municipal, houve apenas danos materiais e a família foi convidada a ir para um dos 27 abrigos que estão sendo disponibilizados pela prefeitura em decorrência das chuvas, mas as vítimas optaram por ficar na casa de familiares.
A manicure Ana Maria de Oliveira, familiar das vítimas do deslizamento, confirmou o medo que os parentes e muitas pessoas do local têm de reviver a tragédia de 1996. Vizinhos também contaram que a família vivia receosa no local em época de chuva.
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Também segundo a Defesa Civil do Recife, a família será incluída na relação dos beneficiados com o auxílio moradia, receberá colchões e cestas básicas. Os técnicos da prefeitura rapidamente colocaram lonas plásticas isolando a barreira.
A TRAGÉDIA DO BOLEIRO
No dia 29 de abril de 1996, o Córrego do Boleiro vivia a maior tragédia provocada pelas chuvas no Estado. Um deslizamento de terra provocou a morte de 12 pessoas. As vítimas foram soterradas por uma barreira, que teria deslizado após muitas chuvas e o rompimento de um cano da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) - as investigações comprovaram depois.
Dez casas foram arrastadas. No local da tragédia foram construídos muros de arrimo e criada uma quadra de futebol e uma praça para a comunidade. O objetivo era evitar novas ocupações, o que não tem funcionado plenamente.
A área do Córrego do Boleiro ainda é repleta de pontos de risco com barreiras protegidas apenas por plásticos e várias casas construídas sobre elas. Até mesmo na área onde aconteceu a tragédia é possível identificar construções irregulares.