Uma fala do padre Antônio Ivemar Pontes, da Paróquia de São Sebastião, em Bezerros, no Agreste de Pernambuco, tem gerado revolta nas redes sociais. Isso porque o religioso reclamou, durante uma missa, da presença de animais na igreja, afirmando que seria obrigado a “providenciar uma tabiquinha” e dar “uma tapinha” caso eles continuassem entrando no local.
“Se você tem cachorro, deixe em casa. Senão vou ser obrigado a providenciar uma tabiquinha e quando o cachorro chegar aqui, vou ter que dar uma tapinha nele. Aí você não vai gostar. Se eu tivesse um cachorro e outra pessoa fosse bater, eu ficaria triste. Para você não ficar triste, deixa seu cachorro em casa”, afirmou.
Ele defendeu que “igreja não é lugar de cachorro”, mas que os fiéis devem “cuidar dos animais, proteger os animais e dar alimento”.
Com a repercussão negativa da fala, que foi gravada e circulou na internet, o padre se explicou na missa do dia seguinte, dizendo que não tinha intenção de incitar a violência contra os animais.
“Eu queria pedir perdão à comunidade e aos internautas que se sentiram ofendidos com o que falei ontem a respeito dos cachorros. A minha intenção nem foi, nem é, e nem condiz com a verdade, que eu queira provocar a violência contra qualquer tipo de animal”, pontuou.
Ainda, afirmou que ele mesmo gosta e já criou bichos. “Minha mãe está aqui e é testemunha diante de Deus que eu já criei cachorros desde novinho até morrerem e chorei muito, porque a gente sempre se apega aos animais de estimação”, contou.
Protetores repudiam fala
O Grupo de Apoio Especial e Defesa Animal (Gaeda) de Caruaru, cidade vizinha a Bezerros, repudiou a declaração do padre. Eles apontam que orientar pessoas a não levarem os animais para a igreja pode ser uma atitude compreendida, mas que o padre não pode "defender uma punição violenta" contra os cachorros.
“Não podemos achar normal um formador de opinião discursar para seus fiéis de que é normal o uso da violência para coibir os animais na igreja. Essa fala infeliz autoriza qualquer pessoa a punir o seu animal em casa com ‘uma tabiquinha’”, declarou o Gaeda.
Pena contra maus-tratos aumentou no Brasil
Em setembro de 2020, quando o país estava perto de encerrar o primeiro ano da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro (PL), aprovou a Lei 1.095, que implementa medidas mais drásticas para pessoas acusadas de maus-tratos contra animais.
A ‘Lei Sansão’, como ficou conhecida graças ao cachorro Pitbull Sanção, de dois anos, vítima de uma violência animal que resultou na perda das suas duas patas traseiras. Foi uma alteração da Lei de Crimes Ambientais, que agora inclui um novo capítulo para cães e gatos.
Com o novo texto, a pena para o crime de maus-tratos pode ir de dois até cinco anos de reclusão, além de multa e perda da guarda do animal.