MORTE ELEVADOR

Empresa responsável por elevador de prédio onde doméstica morreu no Recife é autuada pelo Crea-PE

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) identificou a falta de registro das manutenções feitas no elevador do condomínio

Katarina Moraes Julianna Valença
Cadastrado por
Katarina Moraes
Julianna Valença
Publicado em 04/08/2022 às 15:37 | Atualizado em 04/08/2022 às 16:20
ARQUIVO PESSOAL/SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM
LUTO Sandra Maria da Silva morreu, na terça, após cair no poço do elevador do prédio onde trabalhava - FOTO: ARQUIVO PESSOAL/SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM
Leitura:

A empresa responsável pela manutenção do elevador onde a empregada doméstica Sandra Maria da Silva, 53 anos, morreu ao cair no poço, foi autuada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE). O caso aconteceu em 26 de julho no bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife.

O Crea-PE, órgão responsável pela fiscalização e autuação, constatou que o prédio de fato estava com a manutenção do elevador em dia, mas a empresa não registrou uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) para comprová-la.

À reportagem do JC, o Crea-PE explicou que o documento é de suma importância para o registro de manutenção do elevador, já que ao emitir o ART, o profissional ou empresa responsável assume a responsabilidade pela perfeita execução da obra ou serviço, incluindo "eventuais responsabilizações que decorram de falhas técnicas ou acidentes, desde que comprovada sua culpa".

"Em primeiro momento, não tínhamos localizado a ART, que é emitida por engenheiro. Mandamos ofícios, e o condomínio enviou um documento relativo ao contrato do condomínio com a empresa de elevadores e o laudo de manutenção. O trabalho estava sendo feito, mas não a formalidade", explicou a gerente de fiscalização do órgão, Flávia Assunção.

Segundo o Crea-PE, a existência do documento garante que a responsabilidade civil e criminal seja transferida diretamente ao contratado, isentando o síndico, ressalvados casos específicos.

LEIA TAMBÉM: Quem é o culpado pela morte da empregada doméstica que caiu em poço de elevador do prédio onde trabalhava no Recife?

Além de não possuir o ART, o condomínio em que a doméstica Sandra Maria morreu ao cair no poço do elevador forneceu o nome da empresa, mas não apontou o responsável técnico, segundo o Crea-PE. No registro da empresa contratada também não havia anotação sobre a responsabilidade técnica.

No entanto, segundo Flávia, a falta de registro não significa uma responsabilização pelo acidente, mas sim uma irregularidade administrativa. “O Crea autuou a empresa por não ter registrado o serviço. Após a emissão, nossa atuação acaba. A empresa paga a multa e vai ter que registrar a manutenção. Qualquer desdobramento deve vir no âmbito da justiça”, afirmou.

EMPREGADA DOMÉSTICA CAI EM POÇO DE ELEVADOR NO RECIFE

 

ARQUIVO PESSOAL / Sidney Lucena
Sandra Maria morreu na terça-feira (26) após cair em poço de elevador do prédio onde trabalhou por 15 anos. - ARQUIVO PESSOAL / Sidney Lucena

Sandra Maria trabalhava em um dos apartamentos do condomínio de classe média há 15 anos. No que parecia mais um dia rotineiro de trabalho, o filho da empregada doméstica, Wanderley da Silva, tentou contato com a mãe no final do expediente para buscá-la.

Sem conseguir contatá-la, o jovem ligou para os patrões da vítima para saber da mãe. De acordo com o filho da vítima, o patrão de Sandra Maria informou que ela teria descido com algumas sacolas para ajudar a colocar no carro da patroa e que não havia retornado.

A vítima teria morrido ao tentar subir para o apartamento dos patrões, ao entrar no elevador e não perceber que a cabine não estava no pavimento.

De acordo com peritos do Instituto de Criminalística (IC), o equipamento do edifício é do modelo mais antigo, no qual os passageiros acessam o interior do elevador de forma manual.

Ainda segundo peritos do IC, Sandra Maria teria puxado a porta do elevador social no andar térreo. Sem perceber que a cabine não estava ali, a mulher teria caído para o subsolo, em uma altura de 4 metros.

No boletim de ocorrência registrado pela central de plantões, consta que no momento em que a vítima caiu no poço, moradores do prédio tinham ficado presos dentro do elevador no oitavo andar do edifício. O porteiro teria tentado religar o sistema, mas o equipamento não respondia.

Foi então que o funcionário acionou o técnico para resgatar os moradores presos no equipamento. O elevador teria permanecido sem funcionar, quando um técnico desceu ao poço para verificar o motivo da falha e encontrou o corpo da vítima. Ainda não há confirmação sobre o que ocorreu primeiro.

CONDOMÍNIO SE NEGA A ENTREGAR INFORMAÇÕES SOBRE MANUTENÇÃO DO ELEVADOR

O condomínio de classe média onde Sandra Maria da Silva morreu havia sido notificado pelo Crea-PE no dia 28 de julho, em solicitação sobre os dados da empresa e do responsável técnico pela manutenção do equipamento.

Um dia antes da entrega do ofício, um fiscal do Crea-PE esteve no edifício, com o objetivo de solicitar essas informações, mas o representante do condomínio havia se negado a fornecê-las.

Com o ofício, o condomínio teve o prazo de 24 horas para entregar a cópia do contrato de manutenção, constando os dados da empresa e responsável técnico pela manutenção do equipamento.

"É responsabilidade do síndico qualquer acidente causado pela falta de vistorias periciais, manutenções periódicas, de sinalização e demais ações ou omissões por negligência, imprudência e imperícia. O profissional, por sua vez, responde por acidente causado por falha de execução do serviço por negligência, imprudência ou imperícia", afirmou o Crea-PE em nota.

Comentários

Últimas notícias