METRÔ DO RECIFE

Um ano após acidente, família de menina atingida por muro do Metrô do Recife cobra pagamento de cestas básicas

Kemilly Kethelyn Lino sofreu politraumatismos após ser esmada por muro do Metrô do Recife, enquanto participava de festa do Dia das Crianças

Julianna Valença
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Julianna Valença
Publicado em 13/10/2022 às 13:17 | Atualizado em 19/10/2022 às 9:48
BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Caso aconteceu na Comunidade do Coque, na Ilha de Joana Bezerra, Centro da capital pernambucana - FOTO: BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
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Um ano após acidente, a família da menina Kemilly Kethelyn Lino denuncia a suspensão do pagamento de cestas básicas por parte da CBTU, empresa responsável pelo Metrô do Recife. Na época com 8 anos, a garota foi atingida por muro da companhia enquanto participava de festa do Dia das Crianças na comunidade do Coque, em Joana Bezerra, área central do Recife.

O impacto causou politraumatismos na criança, que passou por várias cirurgias e permaneceu internada por quase dois meses no Hospital da Restauração (HR), localizado no bairro do Derby.

Segundo a mãe de Kemilly, Caroline Pereira, a empresa teria que fazer o repasse mensal das cestas básicas por 2 anos, conforme determinação da justiça. No entanto, a entrega do material teria deixado de ser feita no sétimo mês de entrega.

A família, composta por cinco membros, sendo três crianças, sobrevive de um salário mínimo do pai e do Auxílio Brasil pago à mãe. A suspensão repasse de cestas básicas tem impactado no sustento da casa.

MARCOS ROBERTO/TV JORNAL
Kemilly Lino, 8 anos, garota que sobreviveu à queda de muro do Metrô do Recife - MARCOS ROBERTO/TV JORNAL

TRAGÉDIA COMPLETA UM ANO

O momento de trauma vivido pela menina completa um ano no dia 16 de outubro. Hoje em dia, a criança ainda sente dores nas pernas e no pescoço, além de dificuldade para realizar atividades rotineiras como escovar os dentes.

Ao JC, Caroline Pereira revelou que a CBTU propôs um acordo para as vítimas, onde realizaria o pagamento de R$50 mil em troca do encerramento do processo. No entanto, a quantia foi recusada.

"A gente não sabe se ela vai ter mais alguma coisa, ainda estamos aguardando o resultado de uma ressonância. O médico disse que por fora ela está bem, mas ela pode ter algo por dentro que cause essas dores", relata a mãe da criança.

Resposta

Por meio de nota, a CBTU disse ser solidária à família, destacou que várias reuniões foram feitas e que aguarda a resolução do caso para tomar medidas necessárias. A CBTU não falou especificamente sobre as cestas básicas, mas afirmou que não há demanda judicial quanto às medidas a serem tomadas. Confira o posicionamento:

A CBTU informa que foi solidária à família desde o primeiro momento do acidente e ofereceu todo o auxílio solicitado. A Companhia segue à disposição, tanto dos familiares, quanto de todos órgãos envolvidos nesta questão, e aguarda a resolução do caso para as providências necessárias. Diversas reuniões para tratativas foram realizadas com o representante da Defensoria Pública e a família, e neste momento, não há demanda judicial, nem havia por parte da família, quanto às medidas a serem tomadas pela CBTU.

CRIANÇA É ATINGIDA POR MURO DE METRÔ DO RECIFE

No dia 16 de outubro de 2021, a Kemilly e outras crianças participavam de uma festa em comemoração ao Dia das Crianças, na Avenida Central. No entanto, o que era alegria acabou em desespero, quando uma das placas do muro do Metrô do Recife caiu e atingiu a vítima.

"Foi muito sério o que aconteceu e poderia ter atingido mais crianças. Uma placa dessa deve pesar mais de 200 quilos. Ela teve hemorragias na boca, no nariz e na vagina porque houve rompimento da bacia", contou Jonata Santos, que coordenador do projeto Mão Amiga, responsável pelo evento.

A menina foi inicialmente levada ao Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP), onde recebeu os primeiros atendimentos, e depois foi transferida para o HR.

Foram identificadas fraturas no crânio, na coluna, nos pés e na pelve, onde foi feita uma cirurgia.

Depois de quase dois meses internada, a volta para casa foi vista pela família da pequena como um milagre. A pequena Kemilly relatou ao JC do que se lembrava do momento em que foi atingida.

“Eu lembro que estava chuviscando e, por isso, todo mundo foi para perto do muro. De repente, todo mundo correu. Quando eu fui correr, ela caiu em mim. Depois não lembro de mais nada”, contou.

DESCASO FAZ OUTRA VÍTIMA

A estrutura precária das mediações do Metrô do Recife tem sido foco de várias reportagens do JC há anos. No entanto, a situação continua a mesma com o passar do tempo.

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Em março deste ano, outra vítima foi atingida pelo muro do equipamento de transporte público. O homem de 30 anos precisou ser socorrido também para o HR após ser atingido pelo concreto, na Avenida Central, ilha de Joana Bezerra.

O homem sofreu uma forte pancada na cabeça, mas a tomografia não indicou perda de massa encefálica. O rapaz foi liberado após avaliação da equipe médica do HR.

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