Passageiros da Gol Linhas Aéreas que estão em Fernando de Noronha procuraram a reportagem do JC para relatar os transtornos causados pelo cancelamento da operação da empresa na ilha nesta semana. Na manhã deste sábado (15), cerca de 25 pessoas seguem no aeroporto local sem qualquer previsão de embarque e arcando os custos de estadia e alimentação por conta própria.
O cenário é consequência de uma recente decisão da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), que proibiu pousos de aviões com motores a reação no aeroporto da ilha desde a última quarta-feira (12). A proibição ocorre pelas condições da pista do aeroporto da ilha.
Na última terça-feira (11), passageiros da Gol tiveram que antecipar o retorno das viagens. Existem clientes, no entanto, que não voltaram. Eles alegam que, no momento do embarque, foi dito que não era preciso se preocupar, pois a companhia iria colocá-los em voos da Azul Linhas Aéreas - a Azul consegue operar na ilha com aeronaves tipo ATR, autorizadas a pousar em Noronha.
Passageiro relata transtorno
O corretor de imóveis Huston Cardoso embarcou para a ilha na última segunda-feira (10), dois dias antes da decisão da Anac entrar em vigor.
"A Gol informou que a gente poderia embarcar e que até a sexta-feira poderíamos voltar, pois já existiria uma posição. No entanto, na sexta-feira apenas seis pessoas embarcaram, sendo cinco prioritárias, e as demais ficaram no aeroporto”, conta.
Ele conta que a polícia foi acionada para impedir que os passageiros dormissem no aeroporto. “Só de diária na ilha podemos gastar quase R$ 500. Tem gente que está no chão do aeroporto, pois só existem duas filas de cadeiras aqui”, conta.
Huston Cardoso afirma que ele e outros passageiros receberam uma ligação da Gol ainda na sexta-feira (14). “A companhia informou que só poderá nos tirar da ilha no dia 19 de outubro e teremos de arcar com todos os custos. Mas, na verdade, nem o dia 19 foi confirmado, ficou só no boca a boca”.
“Uma viagem que era pra descansar, acabou sendo um trauma para todos aqui. Todos os dias vindo no aeroporto tentar arrumar uma volta. São pessoas que tinham passagem de retorno até para a semana que vem e já não aguentam tanta angústia”, finaliza.
O que diz a Gol
Procurada pela reportagem, a comunicação da Gol Linhas Aéreas informou que "duas operações extras foram realizadas na terça-feira (11/10) para atender Clientes que escolheram antecipar suas viagens e desde quarta-feira (12/10) os voos estão suspensos".
"A GOL priorizou a comunicação com todos os Clientes envolvidos desde o anúncio da ANAC no dia 06/10. Foram enviados e-mails, SMS e feitas ligações para que os impactos fossem minimizados. Duas operações extras foram realizadas na terça-feira (11/10), data limite para a operação dos nossos voos, para atender Clientes que escolheram antecipar suas viagens. Nem todos concordaram com a solução do voo extra e optaram por ficar na ilha", continua.
"Os clientes com bilhetes para o trecho Noronha – Recife e que ainda permanecem na ilha estão sendo acomodados em voos de outras companhias, conforme disponibilidade. Enquanto isso, a GOL está buscando oferecer as facilidades para os Clientes, conforme as necessidades de cada caso".
"Os Clientes e moradores da ilha com passagens emitidas com destino ou partida de Fernando de Noronha desde (12/10) e que compraram bilhetes diretamente com a GOL podem remarcar suas viagens, pedir crédito ou reembolso diretamente neste link https://b2c.voegol.com.br/minhas-viagens/login ou ligar para a Central de Atendimento no 0300-115 2121 para as tratativas de acomodação", completa a nota.
Alguns clientes informam que não conseguiram tratativas de acomodação. Sobre isso, a Gol afirma que "cada caso tem sido tratado individualmente pela companhia com o intuito de atender os clientes da melhor forma possível. Para checarmos alguma situação específica, precisamos dos nomes e localizadores dos clientes".