Após o Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) divulgar, na última terça-feira (26), o Mapa da Desigualdade entre as Capitais do Brasil, que apontou a cidade do Recife como a mais desigual do País - à frente somente de Porto Velho (RO) -, e que foi publicado neste JC, a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) utilizou o espaço dado pela reportagem para se posicionar a respeito e contestar a pesquisa de indicadores sociais.
Através de nota, a Prefeitura informou que o Mapa da Desigualdade entre as Capitais faz uso de metodologia desenvolvida pelo próprio ICS, "enquanto que a principal referência nacional e internacional para a medição da desigualdade é o Índice de Gini, que avalia a disparidade de renda em uma dada população". E, nesse indicador, o Recife "registrou a menor desigualdade desde 2012, saindo do 2º lugar para a 12ª colocação, desde 2021", apontou a gestão municipal.
Já quando os dados analisados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD Contínua - do IBGE, em sua versão anual, a Prefeitura do Recife esclareceu que "o município apresentou uma queda de 4% na desigualdade de renda em 2022 (o índice foi reduzido de 0,576 para 0,553). Também utilizando-se a PNAD Contínua como referência, comparando os dados de 2021 com o último trimestre de 2023, vê-se que o Recife reduziu sua desigualdade em 6% (0,547)".
Sobre os 40 indicadores sociais levados em consideração pelo Mapa da Desigualdade entre as Capitais do Brasil, dentre eles: áreas como educação, saúde, violência, assistência social, meio ambiente e direitos humanos, a gestão da capital pernambucana afirmou que tais indicadores são provenientes de "várias fontes que retratam o cenário de diversos anos do município - indicadores estes que estão defasados e variam entre 2013 e 2023". Além disso, ainda segundo a Prefeitura, as informações fornecidas pelo ICS no estudo são derivadas de uma técnica estatística única, o “desigualtômetro”.
A respeito dessa metodologia adotada para o ranking, o Instituto Cidades Sustentáveis diz que “o cálculo do desempenho geral considerou a classificação ou ranqueamento das capitais em cada um dos indicadores. Para esse propósito, foi adotado um sistema de pontos, no qual 26 pontos foram atribuídos ao primeiro lugar, 25 ao segundo e assim por diante. No entanto, quando duas ou mais capitais obtiveram o mesmo valor em determinado indicador, os pontos atribuídos foram ponderados”.
Diante disso, como o mapa não informa a variável adotada para cálculo de cada indicador, apontando somente a fonte de dados de forma ampla, gera essa imprecisão. A Prefeitura ainda enfatizou que tentou localizar os documentos técnicos para a reprodutibilidade do cálculo que embasa o ranking das capitais e o método para ponderação, "mas não identificou acesso público a qualquer nota metodológica que elucidasse o cálculo realizado".