O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE) e a Associação Brasileira dos Engenheiros Civis de Pernambuco (ABENC-PE) devem se reunir com os representantes da construtora Carrilho, a partir desta segunda-feira (1º), para elaborarem recomendações que mitiguem e evitem casos de incêndios como o registrado na noite dessa quinta-feira (28), em um prédio em construção no bairro da Torre, zona Oeste do Recife.
"Esse assunto não vai ficar escondido, ele vem à tona e será debatido com o fórum compentente, que é o fórum da engenharia, sobre o que podemos fazer para mitigar e evitar esses incêndios. Qual foi a causa? Foi um fio descoberto ou um curto-circuito, foi um raio que caiu? Porque choveu logo depois. Então vamos provocar essas hipóteses e vamos conversar sobre o que nós propomos", explicou o presidente da ABENC-PE, o engenheiro civil Stênio Cuentro.
Em entrevista ao programa Passando a Limpo, da Rádio Jornal, o especialista falou sobre medidas de fisclaização e reforçou a importância de ser realizada uma vistoria meticulosa nos andares atingidos pelas chamas. Segundo Stênio, a estrutura de proteção e as bandejas colocadas ao longo do edifício de 28 andares, acabou contendo as fagulhas e pedaços que materiais incandescentes que poderiam ter atingido uma área fora do terreno do empreendimento.
"O incêndio, pelo que nós vimos nas imagens, foi provocado por conta do material inflamável que tinha lá, como madeira, plástico e telas de proteção. E a temperatura foi alta. É recomendado uma vistoria importante naqueles três andares para tirar esse material e levar para o laboratório para saber sobre a situação da estabilidade física e química do concreto. Porque parece que as formas de maderia e dos pilares também pegaram fogo e isso de alguma forma abala o concreto, mas a estrutura como um todo ela aparentamente está intacta", avaliou Cuentro.
As equipes do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil do Recife encontram-se, nesta sexta-feira (29), no local do incêndio para averiguar quais são os riscos que há no empreendimento. Para o presidente da ABENC-PE, os três últimos andares que sofreram um maior impacto com o calor merecemuma observação mais apurada.
"Você consegue em poucos dias ter o dignóstico do que ocorreu e saber o que de fato precisa ser reconstruído e reforçado. O importante é que primeiro, não houve vítimas. Nós vamos usar aquele espaço como laboratório para entender o que houve e o que precisa ser feito em função das limitações do Corpo de Bombeiros, da altura do prédio, das condições de combate a incêndio", disse o engenheiro.
Um dos cenários seria substutir as formas de maderia a partir de um certo andar, por formas metálicas. Outra sugestão é com relação a troca de material de proteção, dos andares que não têm alvenaria definitiva, que não seja combustível. "Acho que isso rápidamente vai ser incorporado as construções civis do Recife, que é tida como uma das melhores do Brasil", pontuou Stênio Cuentro, destacando ainda que as bandejas, por exemplo, não existiam nos processos construtivos há alguns anos atrás, mas virou norma de segurança para evitar acidentes com quem transita nos terrenos das obras.
"Hoje, no Brasil todo, em todos os prédios a cada sequência de cinco, sete andares, tem que ter uma bandeja para conter esse material que caia lá de cima", afirmou.