As manifestações pedindo intervenção militar e o fechamento do Congresso Nacional, registradas neste domingo (19), e que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Brasília, gerou repercussão nas redes sociais de vários políticos e gestores. O governador de Paulo Câmara (PSB), utilizou seu perfil no Twitter, para mostrar preocupação daquilo que chamou de “falsos conflitos e manifestações inconsequentes” diante da crise na saúde provocada pelo novo coronavírus.
O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), também repudiou os atos que concentraram, só em Brasília, centenas de manifestantes - além de furarem o isolamento social, muitos deles estavam sem máscaras e sem manter o distanciamento recomendado. “Desde a redemocratização, as Forças Armadas tem mantido o respeito a Constituição”, frisou Dino. “Não creio que mudarão agora por conta das inconsequências e delírios de Bolsonaro, um ex-tenente de mau comportamento”, disparou o chefe do Executivo.
Para o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), é repugnante qualquer ato que faça apologia à ditadura militar. "Inaceitáveis e repugnantes atos que façam apologia à ditadura e que promovam o desrespeito às instituições democráticas, como vimos hoje pelo país. O Brasil não se curvará jamais a esse tipo de ameaça", declarou.
Dos 27 governadores que integram o Fórum Nacional de Governadores, 20 deles assinaram uma carta aberta, neste domingo (19), endereçada ao presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP) e ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticando as recentes falas do presidente Jair Bolsonaro sobre a postura dos dois líderes.
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"Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm se conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto,
precisam ser concentrados os maiores esforços de socorro federativo", diz trecho do documento
Para o governador do Piuí, Wellington Dias (PT), diante da pandemia provocada pela covid-19, o momento "exige muita capacidade de articulação" para evitar um colapso do sistema públuco de saúde. "Basta olhar o que foi o Número de casos confirmados com Coronavirus em 31 de março último, e comparar com o dia de ontem, saímos de 5.717 confirmações para 38.654, ou 7 vezes mais, o que foi a demanda por leitos hospitalares, está no Portal do Ministério da Saúde", declarou o governador.
"Quantos caminhões frigoríficos vamos ter que ver acumulando corpos? Quantas retro escavadeiras vamos ter que suportar ver abrindo valas para enterrar nossos entes queridos? Quantos profissionais de saúde se contaminando? Daqui até 15 de maio segue tudo isto acrescendo de forma exponencial, o que é 2.462 óbitos daqui a pouco serão 5.000 ou quantos mais? É um genocídio. É hora de apurar quem responderá por este genocídio no Brasil.", afirma Dias.
CARTA ABERTA À SOCIEDADE BRASILEIRA EM DEFESA DA DEMOCRACIA
O Fórum Nacional de Governadores manifesta apoio ao Presidente do Senado
Federal, Davi Alcolumbre, e ao Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, diante das declarações do Presidente da República, Jair Bolsonaro, sobre a postura dos dois líderes do parlamento brasileiro, afrontando princípios democráticos que fundamentam nossa nação.
Nesse momento em que o mundo vive uma das suas maiores crises, temos testemunhado o empenho com que os presidentes do Senado e da Câmara têm se conduzido, dedicando especial atenção às necessidades dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios brasileiros. Ambos demonstram estar cientes de que é nessas instâncias que se dá a mais dura luta contra nosso inimigo comum, o coronavírus, e onde, portanto,
precisam ser concentrados os maiores esforços de socorro federativo.
Nossa ação nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios tem sido pautada pelos indicativos da ciência, por orientações de profissionais da saúde e pela experiência de países que já enfrentaram etapas mais duras da pandemia, buscando, neste caso, evitar escolhas malsucedidas e seguir as exitosas.
Não julgamos haver conflitos inconciliáveis entre a salvaguarda da saúde da população e a proteção da economia nacional, ainda que os momentos para agir mais diretamente em defesa de uma e de outra possam ser distintos.
Consideramos fundamental superar nossas eventuais diferenças através do esforço do diálogo democrático e desprovido de vaidades. A saúde e a vida do povo brasileiro devem estar muito acima de interesses
políticos, em especial nesse momento de crise.
Brasília, 19 de abril de 2020.
RENAN FILHO
Governador do Estado de Alagoas
WALDEZ GÓES
Governador do Estado do Amapá
RUI COSTA
Governador do Estado da Bahia
CAMILO SANTANA
Governador do Estado do Ceará
RENATO CASAGRANDE
Governador do Estado do Espírito Santo
RONALDO CAIADO
Governador do Estado de Goiás
FLÁVIO DINO
Governador do Estado do Maranhão
MAURO MENDES
Governador do Estado de Mato Grosso
REINALDO AZAMBUJA
Governador do Estado de Mato Grosso do Sul
HELDER BARBALHO
Governador do Estado do Pará
JOÃO AZEVÊDO
Governador do Estado da Paraíba
PAULO CÂMARA
Governador do Estado de Pernambuco
WELLINGTON DIAS
Governador do Estado do Piauí
WILSON WITZEL
Governador do Estado do Rio de Janeiro
FÁTIMA BEZERRA
Governadora do Estado do Rio Grande do Norte
EDUARDO LEITE
Governador do Estado do Rio Grande do Sul
CARLOS MOISÉS
Governador do Estado de Santa Catarina
JOÃO DORIA
Governador do Estado de São Paulo
BELIVALDO CHAGAS
Governador do Estado de Sergipe
MAURO CARLESSE
Governador do Estado do Tocantins