O ex-senador Cristovam Buarque (Cidadania) fez duras críticas ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), nesta segunda-feira (20), um dia depois de o chefe do Executivo ter participado de ato que defendia, entre outros, o fechamento do Congresso Nacional e uma intervenção militar no Brasil.
"Tenho uma visão de que o presidente (Bolsonaro) não bate bem da cabeça, dizem que ele é um grande estrategista, mas a única estrategia dele é segurar 20% para chegar ao segundo turno em 2022. Ele quer segurar a turminha dele e não está se importando com o Brasil, não parece ser do interesse da presidência, parece ser interesse de candidato", afirmou Cristovam em entrevista à Rádio Jornal.
>> Bolsonaro participa de manifestação no QG do Exército, em Brasília
Após ser alvo de críticas por sua participação no ato, Bolsonaro defendeu o regime democrático nesta segunda-feira. "No que depender do presidente Jair Bolsonaro, democracia e liberdade acima de tudo", afirmou a jornalistas ao deixar o Palácio da Alvorada pela manhã.
Mas na visão de Cristovam Buarque o discurso do presidente é dúbio. "A democracia do ponto de vista do Congresso está funcionando, mas quem hoje não está funcionando dentro da democracia, no seu comportamento, é o presidente que vai a uma manifestação em frente ao quartel com cartazes pedindo ditadura. Um dia ele diz uma coisa depois outra. Não merece credibilidade quando fala uma vez em democracia e passa a vida elogiando a tortura", disse.
Buarque ainda disse que a realização de manifestações pedindo a volta da ditadura mostra que os democratas erraram. "Erramos ao não apurar melhor o que houve no regime, preferimos fechar a boca e os olhos. Inclusive os crimes da esquerda. O que aconteceu no aeroporto em Recife? E o que aconteceu com justiçamento de companheiros. E principalmente os crimes do estado, tortura, desaparecimento, se fizéssemos isso Bolsonaro não teria sobrevivido, todos saberiam a realidade. E não foi só esse erro, a epidemia está aqui e temos milhões de pessoas sem esgoto e isso não foi Bolsonaro", disse.
Durante a entrevista, o ex-senador também questionou a postura do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, diante da postura de Jair Bolsonaro. "Por conta da pandemia do coronavírus, a manifestação não deveria ter ocorrido já que houve aglomeração de pessoas. Isso desmoralizou o ministro da Saúde, desmoralizou muito os quadros militares que ficam em situação difícil e o ministro da Justiça, que não disse uma palavra diante de um comportamento de rasgar a constituição.