Segundo o jornal Valor Econômico, o agora ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro tem conversas, feitas por mensagens de texto e áudio, com o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ao longo dos quase 14 meses em que esteve no atual governo. Durante o anúncio da sua saída da pasta, feito nesta sexta-feira (24), o ex-juiz federal comentou sobre as diversas conversas que teve com o presidente, incluindo sobre a saída de Maurício Valeixo do cargo de diretor-geral da Polícia Federal.
No pronunciamento feito pelo presidente para comentar sobre as demissões de Moro e de Valeixo, Bolsonaro fez questão de deixar claro que as conversas com o ex-juiz aconteceram, em sua maioria, quando os dois estavam sozinhos. Moro chegou a apontar em seu discurso indícios de que o chefe do Executivo teria cometido, pelo menos, seis tipos de crimes, segundo apurou a reportagem do jornal Valor Econômico
Ao comentar sobre sua saída do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Moro acusou Bolsonaro de tentar controlar a Polícia Federal para ter acesso a investigações que são sigilosas.
Desde essa quinta-feira (23), havia rumores da exoneração do então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta sexta-feira (24). Desde que os rumores começaram, o então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, demonstrou insatisfação com a demissão de Valeixo do cargo, o que levantou suspeitas de uma possível saída do ministério.
O anúncio do pedido de demissão de Moro foi feito no final da manhã desta sexta-feira, durante um pronunciamento. O ex-juiz federal disse que, ao contrário do que anunciado pelo próprio presidente, Valeixo não pediu para sair do cargo, e expôs divergências entre entre e o chefe do Executivo.
"Dialoguei muito com o presidente. Busquei postergar as decisões. Pensei que poderia ser alterado, mas percebi que seria um grande equívoco. Ontem (quinta-feira), conversei e houve insistência do presidente. Falei que seria interferência política e ele disse que seria mesmo", afirmou ao falar de interferências na PF. Momentos depois, disse que "não tenho como persistir sem condições de preservar a autonomia da Polícia Federal ou sendo forçado a concordar com interferência política".