Doria rebate Bolsonaro, pede respeito às vítimas do coronavírus e diz que o presidente está numa "bolha de ódio"

Bolsonaro disse que os governadores e prefeitos que precisam ser cobrados pelas mortes por coronavírus
JC
Publicado em 29/04/2020 às 13:11
Governador de São Paulo, João Doria (PSDB) Foto: Rovena Rosa/ABr


O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), fez um pronunciamento, nesta quarta-feira (29), para cobrar ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que respeite os familiares de vítimas do novo coronavírus (covid-19).

"Eu convido o senhor presidente. Venha a São Paulo, saia da redoma de Brasilia e venha visitar hospitais, venha ver a 'gripezinha', venha ver as pessoas agonizando nos leitos e a preocupação dos profissionais de saúde de toda parte do Brasil. E se não quiser vistar São Paulo por medo, ou outra razão, vá a Manaus ver o colapso da saúde", disse Doria.

"Bolsonaro, pare com a política da perversidade, pare de fazer política em meio a um país que chora mortes e infectados. " - João Doria, governador de São Paulo.

A fala de Doria foi uma resposta a Bolsonaro que disse que os governadores e prefeitos que precisam ser cobrados pelas mortes por coronavírus.

"Imprensa tem que perguntar para o Doria porque mais gente está perdendo a vida em São Paulo. Não adianta a imprensa botar na minha conta. A minha opinião não vale, o que vale são os decretos de governadores e prefeitos", afirmou Bolsonaro a jornalistas nesta manhã.

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A reportagem procurou o Governo de Pernambuco, que preferiu não se manifestar sobre o assunto. E também aguarda posição da Prefeitura do Recife.

Já o governador da Bahia e presidente do Consórcio Nordeste, Rui Costa (PT), concedeu entrevista à CNN após a fala de Bolsonaro e pediu que o presidente "parasse de agredir os governadores e prefeitos pra começar a governar com seriedade e responsabilidade".

"E daí? Vamos ter respeito pelas vítimas. Neste momento temos que unir o povo brasileiro em favor da vida", afirmou Rui Costa.

"E daí?"

Doria ainda criticou o presidente por sua resposta ao ser questionado sobre o número de mortos no Brasil. Nessa terça-feira, durante entrevista, uma jornalista disse ao presidente: "A gente ultrapassou o número de mortos da China por covid-19". E Bolsonaro respondeu: "E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", disse. O número de mortes no Brasil por coronavírus já chega a 5.017. Na China, são 4.643.

"Quero dizer ao presidente, que ontem indagado por jornalistas sobre o crescimento das mortes pelo coronavírus e respondeu: 'quer que faça o que?'. Posso enumerar atitudes que que o senhor poderia ter tomado. Uma é fazer aquilo que o senhor não fez, respeitar os brasileiros que lhe elegeram e os que não elegeram também. Respeitar familiares de quem morreu pelo coronavírus que o senhor classificou como gripizeinha", disse Doria.

"Veja a realidade do país e não a sua realidade no estande de tiro, onde o senhor (Bolsonaro) foi celebrar. Enquanto choramos mortes, saia da sua bolha, saia do seu mundinho de ódio, percorra hospitais, seja solidário. " - João Doria em crítica a Bolsonaro.

No entanto, aliados do presidente saíram em sua defesa e falaram que a imprensa distorceu falas do Bolsonaro sobre o assunto. "Fiquei chocada com a distorção que a imprensa fez. Presidente mostrou solidariedade, simpatia pelas famílias, foi um absurdo. Ainda me choco com o tamanho da distorção", disse a deputada Bia Kicis.

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