Em entrevista concedida ao Uol, o ex-presidente Lula (PT) explicou a falta de participação do PT em pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, que já acumula mais de 30 pedidos protocolados por vários partidos de oposição.
>> Ao se aproximar do Centrão, Bolsonaro busca base anti-impeachment
O petista afirmou que não quer que os impeachments se tornem políticos, que venham de partidos. "Se a gente apresentar um pedido de impeachment pelo partido, a gente acaba "partidarizando" o impeachment. Eu preferia que o pedido fosse feito por uma instituição, tipo OAB, personalidades jurídicas e não por um partido", explicou.
>> Bolsonaro usa "tropa de choque" para criticar imprensa e cobrar por liberação do isolamento
O ex-presidente justificou que o PT quer o impeachment, mas tem muito cuidado e responsabilidade na forma como vai se posicionar.
"Quando chega na hora de votar na Câmara, vão pensar 'é pedido do partido tal então não vou votar'. Por conta da nossa responsabilidade e por cuidado de querermos muito um impeachment, é que nós achamos que ele deveria vir de uma entidade da sociedade civil. É só por isso".
Sobre a troca no Ministério da Saúde, com a saída de Luiz Henrique Mandetta e a chegada de Nelson Teich, o ex-presidente criticou a nova gestão no ministério.
"Ele (Teich) parece que nunca entrou no pronto-socorro. Em todas as entrevistas dele parece que ele não sabe nada do coronavírus. O presidente tem o direito de trocar o ministro que quiser, na hora que quiser. O que a sociedade espera é que ao trocar um ministro que não está indo bem, ele troque por um melhor", justificou.
Ainda na entrevista, o petista defendeu que não necessariamente um ministro precisa ser técnico para ser bom.
"O ministro tem que ser competente. Se ser técnico resolvesse o problema da política pública, você não precisaria de político, você iria para Harvard. Iria para as universidades, pegariam os melhores técnicos e colocaria no governo. As decisões são eminentemente políticas. Os técnicos servem para assessorar um bom politico".
Quando questionado sobre a mobilização de Bolsonaro com partidos de centro para se proteger de um possível impeachment, Lula afirmou que Bolsonaro virou uma "presa fácil". "Quando o governo está por baixo como está Bolsonaro agora, quase sem ninguém no Congresso Nacional, ele vira presa muito fácil".
"Ele está fraco, não tem força. O Congresso Nacional não gosta de presidente forte. Congresso gosta de presidente fraco para poder pressionar o presidente."