PRESIDENTE

"Parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da Terra", diz Bolsonaro sobre Queiroz

O presidente iniciou sua live semanal comentando a prisão do ex-assessor do seu filho mais velho, Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual do Rio de Janeiro. Apesar de dizer que não era advogado de Queiroz e não estava envolvido no processo, Bolsonaro criticou a operação

Amanda Azevedo
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Amanda Azevedo
Publicado em 18/06/2020 às 19:33 | Atualizado em 18/06/2020 às 23:44
REPRODUÇÃO DE VÍDEO
Para Bolsonaro, a prisão foi "espetaculosa" - FOTO: REPRODUÇÃO DE VÍDEO

Com agências

Atualizada às 23h45

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) inciou sua live semanal, na noite desta quinta-feira (18), criticando a operação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo que resultou na prisão do policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), quando este era deputado estadual do Rio de Janeiro. Para o mandatário, a captura de Queiroz, parte de desdobramento da investigação que apura esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, foi "espetaculosa". Ao contrário do que sempre ocorre, Bolsonaro participou da transmissão sem nenhum ministro ou auxiliar. Ao lado dele, havia apenas uma intérprete de libras.

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"Deixo bem claro, não sou advogado do Queiroz e não estou envolvido nesse processo. Queiroz não estava foragido e não havia mandado de prisão contra ele. Foi feita uma prisão espetaculosa, parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da Terra, mas que a justiça siga seu caminho. Repito, ele não estava foragido e não tinha nenhum mandado de prisão contra ele", disse o presidente.

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Na avaliação do presidente, o ex-assessor teria comparecido "tranquilamente" para prestar esclarecimentos, caso as autoridades tivessem pedido. Sobre Queiroz ter sido encontrado morando em um imóvel de Frederick Wassef, advogado de Flávio, Bolsonaro afirmou que era por causa da proximidade com o hospital onde o ex-assessor trata um câncer. "E por que estava naquela região de São Paulo? Porque é perto do hospital onde faz tratamento de câncer. Então, esse é o quadro e da minha parte está encerrado o caso Queiroz", disse.

Na transmissão, que durou aproximadamente 25 minutos, Bolsonaro também aproveitou para criticar a imprensa que, segundo ele, estava tentando vinculá-lo ao caso Queiroz.

A prisão de Fabrício Queiroz

 O policial militar aposentado Fabrício Queiroz foi preso nesta quinta-feira (18) em Atibaia, no interior de São Paulo, numa operação da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo. Queiroz é ex-assessor parlamentar do gabinete de Flávio Bolsonaro, quando este era deputado estadual no Rio de Janeiro.

A prisão faz parte de desdobramento da investigação que apura esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, que é o desvio de públicos por meio da devolução parcial de salário pelos assessores. Ele também é investigado por lavagem de dinheiro fazendo transações imobiliárias com valores de compra e venda fraudados. 

O ex-assessor foi encontrado um um imóvel do advogado Frederick Wassef. O criminalista defende o filho do presidente  no caso que apura suposto esquema de "rachadinha".

Segundo confirmou o delegado da Polícia Civil de São Paulo Osvaldo Nico Gonçalves, os caseiros do imóvel afirmaram, durante a operação, que o ex-assessor estaria na residência há cerca de um ano. Em setembro passado - quando, segundo a polícia, o ex-assessor já estaria no imóvel do advogado -, Wassef negou saber sobre o paradeiro de Queiroz, durante uma entrevista à jornalista Andreia Sadi, na GloboNews.

Wassef também representou Jair Bolsonaro em casos recentes, como no caso Adélio Bispo, após a facada sofrida pelo presidente durante a campanha de 2018, e no caso envolvendo o porteiro do condomínio do presidente.

Queiroz é investigado pelo Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro após um relatório do Coaf apontar movimentação atípica em sua conta de R$ 1,2 milhão. Em abril de 2019, a Justiça do Rio de Janeiro determinou a quebra do sigilo fiscal e bancário de Queiroz, do senador Flávio Bolsonaro e de outras 84 pessoas e nove empresas entre 2007 e 2018.

As investigações do Ministério Público do Rio apontaram que o ex-assessor estava atrapalhando a apuração sobre uma organização criminosa que envolveria Flávio Bolsonaro. A obstrução desse tipo de investigação é também um crime, definido na lei das organizações criminosas. A pena para esse delito é de três a oito anos de prisão.

A prisão de Queiroz foi "tranquila", segundo o delegado Nico Gonçalves, da Divisão de Capturas da Polícia Civil. O mandado cumprido, segundo a Polícia Civil de São Paulo, foi de prisão preventiva, determinada pela Justiça do Rio. Também foi expedido um mandado de prisão contra a ex-mulher de Queiroz, Márcia Aguiar.

Flávio diz que prisão de Queiroz é movimento para atacar Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro se manifestou após a prisão de seu ex-assessor dizendo que a "verdade prevalecerá".

"Encaro com tranquilidade os acontecimentos de hoje. A verdade prevalecerá! Mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro", escreveu Flávio. "Em 16 anos como deputado no Rio nunca houve uma vírgula contra mim. Bastou o Presidente Bolsonaro se eleger para mudar tudo! O jogo é bruto!"

Segundo o presidente, Queiroz estava no interior paulista para ficar perto do hospital onde fez fazendo tratamento para câncer.

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