A versão brasileira do grupo hacker Anonymous começou a vazar dados que seriam da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), seus familiares, ministros e aliados políticos nesta segunda-feira (1°). Foram divulgados dados do próprio Bolsonaro, do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-SP), do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), do ministro da Educação, Abraham Weintraub, da ministra Damares Alves, do deputado estadual Douglas Garcia (PSC-SP), e do cofundador da Havan, Luciano Hang. Logo após a divulgação em uma de suas contas no Twitter, ela foi suspensa. O Ministério da Justiça determinou a instauração de um inquérito para apurar o vazamento.
Cerca de 1h30 após as publicações no perfil @AnonymouBrasil, a conta foi suspensa. Os documentos divulgados trazem informações como nome completo, endereços, telefones, número de título de eleitor, RG, e-mails, bens declarados, score do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e dívidas registradas. No documento do presidente Jair Bolsonaro, por exemplos, consta o imóvel localizado na Barra da Tijuca, no Estado do Rio de Janeiro, que esteve no centro das investigações do caso Marielle Franco. A casa é avaliada em R$ 603.803,54.
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Horas antes de vazar os dados de Bolsonaro, outro perfil do grupo no Brasil, @YourAnonNewsBR, publicou sobre um gasto de R$ 56.160 com gasolina em nome do presidente.
Também no perfil YourAnonNewsBR, um tweet do deputado estadual Douglas Garcia foi compartilhado após o parlamentar se manifestar sobre o vazamento e dizer que o grupo divulgou os dados "de forma criminosa" nas redes sociais. "Não sabemos pq ele queria os dados dos 'antifascistas', agora que foi ele se faz de coitado", dizia a primeira publicação. A segunda publicação fez referência ao deputado ser contraditório ao pedir dados de antifascistas e reclamar do vazamento. "Se você conhece o nome completo de algum autodenominado 'antifascista' e possui provas de que ele é o que afirma ser, peço que anexe a prova ao respectivo nome completo e envie ao meu e-mail: douglasgarcia@al.sp.gov.br", dizia a publicação do deputado.
Após a suspensão do perfil AnonymouBrasil, a página YourAnonNewsBR se manifestou. "A conta @AnonymouBrasilcaiu por conta dos vazamentos. Não nos importamos pois somos como uma hydra, corte uma cabeça e nascerá outras duas no lugar", diz a publicação.
Antes do vazamento, em uma publicação feita nesse domingo (31) no Twitter, o grupo afirmou, no perfil @YourAnonNewsBR, que "é contra o poder", pois entendem que "toda forma de poder é uma forma de opressão", e afirmaram não ser bolsonarista ou "luta-ptista".
O grupo de hackers voltou a aparecer em destaque nesse domingo (31), quando se manifestou sobre a morte de George Floyd, 46 anos. O afro-americano morreu no dia 25 de maio em Minneapolis, Estados Unidos. No vídeo que circula nas redes sociais, Floyd aparece algemado, enquanto o agora ex-policial Derek Chauvin o imobilizava, com o joelho na altura do pescoço, depois de prendê-lo por supostamente usar uma nota falsificada de 20 dólares. Enquanto estava imobilizado, o homem chegou a dizer, várias vezes, que não conseguia respirar. Depois de vários minutos com o joelho do policial em seu pescoço, Floyd fica imóvel e é transferido para o hospital, onde teve a morte declarada.
Na última sexta-feira (29), Chauvin foi detido em Minneapolis. De acordo com a emissora americana CNN, ao longo dos 19 anos de carreira, o policial acumulou 18 queixas formais, além de duas cartas de reprimenda. Segundo informações divulgadas pelo UOL, em 2008, Chauvin atirou duas vezes contra um homem negro ao cumprir um chamado de denúncia de caso de violência doméstica. Os policiais envolvidos na ação alegaram que a vítima teria tentado pegar a arma de Chauvin e, por isso, foi atingida. No mesmo dia em que foi detido, o ex-policial foi denunciado por homicídio.
Na noite desta segunda-feira, uma autópsia encomendada pela família da vítima concluiu que Floyd morreu por "asfixia devido a uma pressão sustentada". Esse laudo contradiz os resultados da nectopsia oficial. "Os médicos independentes que realizaram a autópsia no Floyd neste domingo determinaram que a causa da morte é asfixia devido à pressão constante", disse o advogado Ben Crump, em um momento em que a indignação pela ação da polícia provocou uma onda. de protestos nos Estados Unidos.
A primeira autópsia realizada pelo serviço médico do condado apontou que Floyd morreu de uma combinação de fatores, incluindo imobilização, mas também de patologias subjacentes.
Nesse ponto, Aleccia Wilson, médica e diretora de autópsias e ciências forenses da Universidade de Michigan, indicou que "há evidências de que se tratou de um caso de asfixia mecânica ou traumática".