Pelo Twitter, nesta segunda-feira (8), o secretário de comunicação da presidência da República, Fábio Wajngarten, criticou a mídia por usar "dois pesos e duas medidas" por conta do atraso na divulgação dos dados oficiais do coronavírus no Brasil pelo Ministério da Saúde. Wajngarten desdenhou da situação, "divulgar boletim da saúde às 22:00 é escândalo", e comparou com o horário da transmissão do futebol.
Desde a última quarta-feira (3), dia em que o País registrou recorde de 1.349 mortes por coronavírus em 24 horas, a divulgação dos dados do coronavírus pelo colegiado atrasou e tem sido feita cada vez mais tarde. Na quarta, a divulgação foi feita às 22h.
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Ainda na gestão do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, os dados eram apresentados diariamente em coletiva de imprensa. No começo de maio, com o comando do também ex-ministro Nelson Teich, os dados passaram a ser divulgados às 19h e apenas comentados no dia seguinte.
Na última sexta-feira (5), terceiro dia consecutivo com atraso na divulgação dos dados, o presidente da República satirizou que "acabou matéria no Jornal Nacional", e também não confirmou de quem era a ordem do atraso. "Não interessa de quem partiu. Acho que é justa essa ideia da noite, sair o dado completamente consolidado", disse.
O ministro interino da pasta, general Pazuello, só foi nomeado ao posto 19 dias depois da saída de Teich do governo. Pazuello estava no comando da Saúde desde o dia 15 de maio, tempo que a pasta está sem titular e, de acordo com o presidente, Pazuello "vai ficar muito tempo" no cargo.
Bolsonaro também chegou a minimizar novamente os números da doença no País e sugeriu que outras doenças são a real causa de muitas mortes. "Tem de saber quem perdeu a vida do covid ou com covid. A pessoa tem 10 comorbidades, 94 anos. Tem, pegou vírus. Potencializa. Parece que esse pessoal.. Globo, Jornal Nacional, gosta de dizer que o Brasil é recordista em mortes. Falta, inclusive, seriedade. Mortes por milhões de habitantes nem se faz", disse o presidente, criticando a imprensa que, por sua vez, faz um trabalho sério e de checagem de informações.
Neste sábado (6), através das redes sociais, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB) criticou o governo Bolsonaro e disse ter se tornado "exemplo do que é errado e inaceitável". "Negar a realidade é grave. Sonegar dados é ultrapassar os limites. O Governo Federal brasileiro tornou-se, sob todos os aspectos, exemplo do que é errado e inaceitável", afirmou.
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O governador também ressaltou que a tentativa de manipulação do presidente através do Ministério da Saúde "não vai destruir o esforço da nação inteira". "Manipulação, omissão e desrespeito são traços marcantes em gestões autoritárias. Seguiremos levantando, sistematizando e divulgando os dados. Só assim alcançaremos resultados. Apesar da irresponsabilidade federal, a luta pela vida avança", exaltou.