Ciro Gomes quer união contra Bolsonaro, mas diz que PT "só pensa em eleição"

Ciro Gomes disse que o momento é de união para salvar vidas, mas reclama falta de diálogo do Partido dos Trabalhadores
JC
Publicado em 10/06/2020 às 10:13
Ciro concedeu entrevista à Rádio Jornal Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem


O ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes afirmou, na manhã desta quarta-feira (10), que não é momento de embate, mas de união para salvar vidas que estão sendo ceifadas pela pandemia do novo coronavírus (covid-19). No entanto, na visão de Ciro, há uma dificuldade de diálogo com o Partido dos Trabalhadores por "falta de humildade" dos petistas.

"Esse pessoal (os petistas) perdeu o juízo e a humildade, temos que nos juntar para salvar vidas, se não forçarmos uma mão, vamos para mais de cem mil mortes. Temos crise a pior crise econômica da história, caímos no ranking da paz mundial e o povo só pensa em politica" disse Ciro em entrevista à Rádio Jornal.

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Ciro disse que seu partido, o PDT, está reunido com outros partidos de esquerda para provar que Jair Bolsonaro está cometendo crime de responsabilidade à frente da Presidência da República. "Se depender do PDT, PSB, Rede e PV, estamos agarrados tentando construir uma saída jurídica e temos prova de que Bolsonaro está cometendo crime de responsabilidade quando ele atenta contra as instituições, confraternizando na porta do quartel com pessoas que defendem o fechamento do Congresso e do Supremo. Ele atenta contra os estados, pois a PF só sai contra governantes que são contra sua vontade, ele até mandou sequestrar respiradores dos estados. E atenta contra a saúde, na contramão dos organismos desestimula o isolamento por gestos quando vai à padaria sem mascara", disse.

Nessa terça-feira (9), a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, disse em entrevista ao UOL que o partido gostaria de ter o ex-presidente Lula como candidato e alfinetou Ciro. "A capacidade Ciro é de 10 a 12 pontos percentuais. Ele precisaria do PT? A força do PT que determina isso? Se qualquer liderança precisa da força do PT [para se eleger], então, vocês têm que reconhecer que quem tem força é o PT", afirmou.

"Quando estamos do lado do PT e fazemos a discussão sobre a vitória de Bolsonaro, a burocracia do lulopetismo não tem humildade de discutir isso. É preciso apartar as bandas e aprofundar o debate. Para o PT, 70% votou em Bolsonaro por ser gado ou por ser fascista, que é como eles chamam o povo. Não estou nessa. " - Ciro Gomes (PDT), ex-ministro e ex-governador do Ceará.

Para Ciro, o PT não tem humildade para tentar entender a vitória de Bolsonaro em 2018. "Para salvar a democracia da escalada autoritária, precisamos de todo mundo junto, sem cobrar coerência de ninguém. Temos de humildemente abrir o debate, mas a democracia do PT não escuta ninguém. No Nordeste não somos culpados, mas em São Paulo, no Rio Grande do Sul e em vários estados, muita gente que deu vitórias à esquerda, votou em Bolsonaro. Dizem que foi por conta de fake news, teve muita fake news realmente mas isso não explica. O que explica foi a tragédia econômica e de corrupção", afirmou.

GOVERNADORES

Ciro ainda reforçou que operações contra governadores, por possíveis desvios em recursos para combate à pandemia, estão sendo direcionadas por Bolsonaro para atingir seus adversários. "Montaram uma ação em Fortaleza, foram investigar e não tinha dinheiro federal no assunto e ninguém teve prejuízo. Com isso, o juiz mandou arquivar e deu esporro neles. Eu quero que quem tiver rabo de palha que queime, mas no Pará eu duvido que o governador tenha desviado respirador", disse.

"Diante da pandemia, respirador entrou na oferta e procura, o preço explodiu, respirador de R$ 30 mil, agora, custa R$ 50 mil. Daí, surgem suspeitas e o Bolsonaro manipula as instituições para perseguir os adversários. " - Ciro Gomes em entrevista à Rádio Jornal

Nesta quarta-feira (10), a Polícia Federal deflagrou a Operação Bellum, que tem como objetivo apurar supostas fraudes na compra de respiradores pulmonares pelo governo do Pará. São alvos de busca o governador Helder Barbalho (MDB) e o presidente do Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass), Alberto Beltrame, entre outros.

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