O presidente do Tribunal de Contas da União, José Múcio Monteiro, disse que é preciso dar início a um processo de pacificação do País. "Uma das obrigações do presidente é pacificar o País. Não precisa ficar bem para aqueles que o aprovam. Precisa administrar. Ele tem uma experiência parlamentar grande", comentou, se referindo ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) . E argumentou: "quem votou contra, não é inimigo. Quem pensa diferente, não é inimigo. Precisamos o contraditório". Para ele, está faltando um norte, "um projeto de País". As declarações foram dadas em entrevista ao Programa Super Manhã, do radialista Geraldo Freire, na manhã desta terça-feira (23). Também participaram do debate o diretor de Redação, Laurindo Ferreira, e a cientista política e professora Priscila Lapa.
"Perdemos a oportunidade de nos juntarmos. O vírus era um inimigo comum. Juntos, socializaríamos o sucesso ou o insucesso", afirmou José Múcio, criticando a politização que ocorreu em torno da pandemia. "Em Brasília, quando a gente pensa que chegou no fundo do poço, tem um subsolo", revelou.
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Ele também falou do impacto das eleições deste ano durante a pandemia. "Estamos num ano eleitoral, tem gente torcendo para um prefeito errar por causa da eleição", comentou. Ele lembrou que ao disputar a eleição para governador em 1986, perdeu para o então candidato Miguel Arraes de Alencar (PSB). Na época, "quando (o repórter) Francisco José me perguntou o que você tem a dizer: falei ele agora é o governador de todos os pernambucanos".
Atualmente, explicou José Múcio, é como se ainda estivéssemos vivendo a ressaca da eleição que aconteceu em 2018 com protestos todo domingo na capital federal. "Em Brasília, chegou uma hora que achei que o vírus tinha acabado", citou, argumentando que muitas discussões giravam em torno de que se tomava cloroquina, estava de um lado, e quem não tomava, do outro.
Há uma falta de diálogo em todas as esferas do poder", destacou, acrescentando que o País precisa de "um mínimo" de entendimento entre o Legislativo, o Judiciário e o Executivo que são os pilares da democracia.
O atual presidente do TCU ingressou na corte em 2009 e revelou também que, no momento, está "fora" a possibilidade de voltar a disputar cargos eletivos. "Não posso ter projeto político eleitoral. Sou político por natureza. E torço por um País melhor. Na próxima eleição, estarei com 74 anos", concluiu