O Facebook afirmou, nesta quarta-feira (8), que removeu 73 contas falsas de uma rede coordenada ligada a integrantes do governo Jair Bolsonaro (sem partido). Os perfis, segundo a empresa, atuavam com a propagação de notícias falsas antes e durante o mandato de Bolsonaro com uma audiência que chegava a 2 milhões de contas.
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Dos 73 perfis, 35 eram no Facebook e 38 no Instagram e tinham aproximadamente 883 mil e 917 mil seguidores ao todo, respectivamente. Ainda foi detectado um grupo com cerca de 350 pessoas. De acordo com a empresa, o total gasto com anúncio no Facebook foi de cerca de US$ 1.500, pagos em reais.
"Nossa investigação encontrou ligações a pessoas associadas ao PSL (Partido Social Liberal) e a alguns dos funcionários nos gabinetes de Anderson Moraes, Alana Passos, Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e Jair Bolsonaro. Quando investigamos e removemos tais operações, nos concentramos no comportamento, e não no conteúdo – independentemente de quem esteja por trás dessas redes, qual conteúdo elas compartilhem, ou se elas são estrangeiras ou domésticas", afirmou a empresa por meio de nota.
Segundo a investigação interna mais ampla feita pelo Facebook, também foram identificadas redes falsas no Canadá, Equador, na Ucrânia e nos Estados Unidos.
"Em cada um dos casos, as pessoas por trás da atividade coordenaram entre si e utilizaram contas falsas como parte central de suas operações para se ocultar, e é com base nessa violação de política que estamos agindo", afirmou a empresa por meio de nota.
Quanto aos conteúdos publicados por essas páginas, havia a criação de pessoas fictícias fingindo ser repórteres, publicação de conteúdo e gerenciamento de páginas fingindo ser veículos de notícias. "Os conteúdos publicados eram sobre notícias e eventos locais, incluindo política e eleições, memes políticos, críticas à oposição política, organizações de mídia e jornalistas, e mais recentemente sobre a pandemia do coronavírus", detalhou.
"Hoje, removemos quatro redes distintas por violação de nossa política contra interferência estrangeira e comportamento inautêntico coordenado. Elas se originaram no Canadá e Equador, Brasil, Ucrânia e nos Estados Unidos.
Em cada um dos casos, as pessoas por trás da atividade coordenaram entre si e utilizaram contas falsas como parte central de suas operações para se ocultar, e é com base nessa violação de política que estamos agindo. Quando investigamos e removemos tais operações, nos concentramos no comportamento, e não no conteúdo – independentemente de quem esteja por trás dessas redes, qual conteúdo elas compartilhem, ou se elas são estrangeiras ou domésticas.
A maioria dessas redes que removemos hoje mirava audiências domésticas em seus próprios países e estava ligada a entidades comerciais e pessoas associadas a campanhas políticas ou gabinetes de políticos com mandato. Temos descoberto e agido contra figuras políticas por comportamento inautêntico coordenado, e sabemos que elas continuarão tentando ocultar a origem de sua atividade. Campanhas domésticas como essas são particularmente desafiadoras ao ofuscar a linha entre o debate público saudável e a manipulação. Nossos times continuarão a procurar, remover e revelar campanhas coordenadas de manipulação. Mas sabemos que se trata de um desafio que vai além da nossa plataforma e nenhuma empresa pode enfrentar sozinha. Por isso, é importante que tenhamos discussões amplas na sociedade sobre quais são os limites aceitáveis no campo do debate político e o que podemos fazer para impedir que as pessoas os ultrapassem.
Nos últimos três anos, temos compartilhado sobre as redes de comportamento inautêntico coordenadas que detectamos e removemos de nossas plataformas. Em 2019, anunciamos a remoção de mais de 50 redes em todo o mundo, algumas delas antes de eleições em grandes democracias. No começo deste ano, começamos a publicar relatórios periódicos nos quais divulgamos informações sobre todas as redes de comportamento inautêntico coordenadas que removemos ao longo de cada mês, para facilitar o acesso desse trabalho a todas as pessoas em um único lugar. Além disso, em alguns casos como os de hoje, divulgamos nossas ações no momento em que estamos aplicando nossas políticas e removendo de nossas plataformas as redes que foram identificadas. Você pode encontrar mais informações sobre relatórios anteriores sobre a remoção de redes de comportamento inautêntico coordenadas aqui.
Estamos compartilhando informações com autoridades e parceiros da indústria. Estamos avançando no combate a esse tipo de abuso e comprometidos a seguir em frente."
"NOTA DO SENADOR FLÁVIO BOLSONARO SOBRE QUESTÃO DO FACEBOOK
O governo Bolsonaro foi eleito com forte apoio popular nas ruas e nas redes sociais e, por isso, é possível encontrar milhares de perfis de apoio. Até onde se sabe, todos eles são livres e independentes._
_Pelo relatório do Facebook, é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido e se a plataforma ultrapassou ou não os limites da censura._
_Julgamentos que não permitem o contraditório e a ampla defesa não condizem com a nossa democracia, são armas que podem destruir reputações e vidas_"
"A respeito da informação que trata da suspensão de contas do Facebook de alguns políticos no Brasil, não é verdadeira a informação de que sejam contas relacionadas a assessores do PSL, e sim de assessores parlamentares dos respectivos gabinetes, sob responsabilidade direta de cada parlamentar, não havendo qualquer relação com o partido.
Ainda, o partido esclarece que os políticos citados, na prática, já se afastaram do PSL há alguns meses com a intenção de criar um outro partido, inclusive, tendo muitos deles sido suspensos por infidelidade partidária. Ainda, tem sido o próprio PSL um dos principais alvos de fake news proferidos por este grupo.
Partido Social Liberal"