Mirella Araújo
Publicado em 04/08/2020 às 20:02
Silêncio. Ao menos oficialmente, o PSB de Pernambuco não deverá comentar por hora o apoio dos diretórios estadual e municipal do PT a pré-candidatura da deputada federal Marília Arraes, a Prefeitura do Recife, anunciada nesta terça-feira (4). O presidente estadual da sigla socialista, Sileno Guedes, afirmou por meio da assessoria que não comentaria a decisão.
>> "Desafio maior". João Campos fala pela primeira vez como pré-candidato à Prefeitura do Recife
Mesmo diante do aval da Executiva Nacional do PT, Marília Arraes enfrentava resistência do partido no Estado. Os petistas defendiam a permanência na Frente Popular, capitaneada pelo PSB e, consequentemente, o alinhamento de forças para a pré-candidatura do deputado federal João Campos. Nos bastidores, apesar da decisão não ser vista com surpresa, a grande questão para os socialistas é sobre como se dará essa “não oposição a Campos”.
No governo do Estado, o Partido dos Trabalhadores ocupa a secretaria de Desenvolvimento Agrário, com Dilson Peixoto. Já na Prefeitura do Recife, a secretaria de Saneamento é dirigida por Oscar Barreto, além de outros filiados ao partido que estão inseridos nas duas gestões socialistas. “Não é a primeira vez que estaremos em palanques opostos, mas é preciso ter posicionamento claro. Como é possível estar com alguém que diz que irá apoiar o PSB, mas está do lado de quem quer derrotar o seu projeto político?”, questiona um socialista, em reserva.
Sobre essa possibilidade de o PT sair do governo, em ambas as esferas, há quem não acredite que existirá essa movimentação, que teria que partir dos petistas. “Quanto aos cargos que o PT tem no governo, a princípio não acho que possa haver substituições. Mas tudo vai depender de como a campanha vai se desenvolver. Às vezes o humor sobe, alguém passa do ponto aqui ou ali, mas talvez não se chegue nem a esse ponto", declarou outro socialista, também em reserva.
O fato é que o PSB não encara o projeto de Marília Arraes como grande ameaça, garantindo que João Campos tem plena condição de ganhar a corrida eleitoral. Há uma linha de pensamento propagado por alguns socialistas, de que com a candidatura do própria do PT poderá ser benéfica no fim das contas. “Caso o partido estivesse no palanque de João, todo o desgaste petista estaria em cima do nosso candidato. Agora esse desgaste tem outro dono”, ressaltou.
O deputado federal João Campos tem falado abertamente, em outras ocasiões, que “a Frente Popular chegará às eleições fortalecida” com apoio de boa parte das legendas que compõem o campo progressista. Em sua primeira entrevista - concedida à Denise Rothenburg, no programa Frente a Frente da Rede Viva, no dia 22 de julho -, colocando-se como um nome à sucessão do prefeito Geraldo Julio (PSB), Campos evitou comentar a respeito da candidatura de Marília.
Mas, naquele momento, parlamentar já tinha reconhecido enxergá-la dentro da disputa majoritária. “Eu respeito muito a autonomia dos partidos. Eu sou dirigente partidário, então eu respeito a autonomia do meu partido e eu respeito a autonomia do partido dos outros. Então, acho que o PT tem todas as condições de tomar a decisão que achar que deve para a sua cidade, assim como a Frente Popular e o meu partido vamos tomar a nossa decisão”, afirmou João Campos.
O deputado federal está no Recife e tem realizado agendas mostrando presença pelos bairros da cidade. Os registros estão sendo feitos através das suas redes sociais, onde Campos declara que tem escutado as demandas da população para construir soluções para a cidade. Nesta terça-feira (4), o parlamentar esteve com moradores dos bairros de Areias e Estância, acompanhado pelo vereador Chico Kiko (PP).