Ao defender uma maior atenção para a juventude do Recife, a candidata a prefeita Marília Arraes (PT) alfinetou a atual gestão municipal, comandada pelo prefeito Geraldo Julio (PSB). A petista citou o sorteio de kits de bicicletas e smartphones com pacote de dados pela PCR, previsto no projeto Renda por APP, no qual serão sorteados 1.400 kits até o final deste ano para possibilitar a entrada de pessoas no mercado de entrega por aplicativos. "Política para a juventude não pode ser apenas sortear smartphone e bicicleta", afirmou Marília.
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Na avaliação de Marília os jovens - que correspondem a 35% da população recifense - não têm sido atendidos pelas políticas públicas da atual gestão. "As imensas contradições sociais que marcam o Recife impactam diretamente na juventude, sobretudo a negra e periférica. Uma diretriz séria de retomada econômica e de inclusão da juventude tem de passar também pelo combate às desigualdades, o principal pilar do nosso programa de governo Recife Cidade Inteligente", disse a candidata.
No eixo "combate às desigualdades" no seu programa de governo, a candidata propõe, entre outros pontos, assegurar direitos da juventude, pautado pelas diretrizes previstas no Estatuto da Juventude, aprovado pelo Congresso Nacional em 2013 no governo de Dilma Roussef (PT). A petista também defende políticas de promoção da igualdade racial e de oportunidades, "inclusive as voltadas à prevenção da violência contra a juventude negra, com programas que reduzam sua mortalidade e encarceramento", diz trecho do programa de governo.
Segundo a candidata, caso seja eleita, pretende fazer um diagnóstico das condições socioeconômicas da juventude recifense, "além de uma forte política de promoção de oportunidades para a geração de renda". "Vamos realizar um programa de inclusão, educação e qualificação profissional para os jovens”, prometeu Marília.
O saneamento básico é uma das principais pautas discutidas pelos candidatos à Prefeitura do Recife, aliado à questão do novo marco legal, responsável por facilitar a entrada da iniciativa privada na área, e como os postulantes lidariam com a nova legislação. Deputada federal, Marília explicou durante sabatina na Rádio Folha nesta quinta (1º) que estava impossibilitada de participar da votação do novo marco na Câmara dos Deputados por questões de saúde, mas disse ser contra a privatização do saneamento no País. Para a petista, a situação do Recife é diferente da grande maioria dos municípios pernambucanos, com sistema deficitário.
Segundo ela, seria possível abrir a discussão sobre uma eventual privatização, caso seja vantajoso para o município. "Vamos atuar junto à Compesa e fazer parceria para que seja suprido esse déficit, que inclusive é de 43%, e cuidar do que já existe. Caso a Compesa não dê conta a gente vai buscar outras alternativas", disse a candidata.
Assim como fez no debate da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na última segunda-feira (28), Marília voltou a rechaçar a proposta de retirar a capital pernambucana do Grande Recife Consórcio de Transportes, defendida pela candidata Delegada Patrícia (Podemos). A ideia de Patrícia seria do município passar a ser responsável pelo transporte municipal, entre os bairros.
"O transporte do Recife tem que ser integrado com a RMR como um todo. A gente precisa ter isso em mente, foi um avanço. O Recife é a locomotiva do estado, move Pernambuco, várias pessoas que são tão pobres trabalham para colocar o Recife para frente, a gente não podem punir essas pessoas porque elas moram mais longe do trabalho", disse Marília Arraes, que voltou a defender a integração temporal, a possibilidade dos passageiros trocarem de ônibus sem precisar pagar uma segunda passagem, durante um intervalo específico de tempo.
Ela criticou o que considera ser uma falta de articulação entre a Prefeitura do Recife e o governo estadual, que detém 35% e 40% das cotas do consórcio, para a melhoria do serviço. "Quando está ruim a gente busca maneiras efetivas de melhorar e não fazer promessa leviana que não faz nenhum sentido acontecer", disse.
Sobre o fato de não sair em defesa dos ex-prefeitos do Recife João Paulo (PCdoB, e PT na época em que era prefeito) e João da Costa (PT), atualmente vereador, Marília jogou a responsabilidade de "esconder apoio do PT" ao seu adversário João Campos (PSB). Ela alegou que apesar de fazer críticas às gestões do PT anteriores à do seu aliado Geraldo Julio (PSB), o socialista é apoiado pelos dois ex-prefeitos nas eleições deste ano.
"Não é novidade para ninguém que no PT houve uma divergência em relação à minha candidatura, então quem é que está escondendo o PT? Eu não brigo por quem eu já tenho, eu tenho o 13, o presidente Lula deu um grande depoimento para a gente, a gente já exibiu na convenção. Agora, quem está escondendo o PT parece que é João Campos", afirmou.
Nesta quinta-feira (1º), Marília Arraes participou de uma caminhada no bairro dos Torrões, na Zona Oeste da capital pernambucana. Ela também esteve presente na inauguração dos comitês dos candidatos a vereador Ermes Costa (PT), no bairro da Boa Vista e Necy Soares (PT) na comunidade do Coque, ambos na área central do Recife.
Já nesta sexta-feira (1º), às 19h, a candidata visita o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) ao lado do candidato a vice-prefeito João Arnaldo (PSOL). Á tarde, tem agenda interna com gravações. Ás 18h,a petista inaugura o seu comitê, na rua dos Palmares, no bairro de Santo Amaro, Zona Norte do Recife.