Marília Arraes rebate críticas sobre ausência de defesa do PT: 'Uso vermelho quando eu quiser'

Candidata a prefeita do Recife pelo PT, Marília Arraes vem sendo questionada por não se utilizar com frequência da cor vermelha no seu vestuário e também do símbolo do PT, a estrela
Luisa Farias
Publicado em 05/10/2020 às 18:18
"Eu não acho que seja honesto se avaliar qual é a cor de roupa que eu uso porque para ser candidato a prefeito não precisa de farda de nenhum dos lados", disse a candidata Foto: Divulgação


 

JC - Eleições 2020

A candidata a prefeita do Recife Marília Arraes (PT) rebateu durante sabatina da Rádio Jornal as críticas que vem sendo feitas a ela sobre uma ausência de defesa do PT e do ex-presidente Lula na sua campanha. Ela vem sendo questionada por não se utilizar com frequência da cor vermelha no seu vestuário e também do símbolo do PT, a estrela. O símbolo presente na marca da campanha da candidata é um coração vermelho. 

"Eu não acho que seja honesto se avaliar qual é a cor de roupa que eu uso porque para ser candidato a prefeito não precisa de farda de nenhum dos lados. Eu uso todas as cores, tenho usado todas as cores como todo mundo deveria usar as cores que escolherem. Vou usar vermelho quando eu quiser", disse a candidata durante sabatina na Rádio Jornal na manhã desta segunda-feira (5). 

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A insatisfação é de petistas do grupo que se opôs ao lançamento de candidatura própria do partido nas eleições do Recife deste ano, e se baseiam em uma resolução do diretório municipal que estabeleceu como pilares da candidatura majoritária "derrotar o projeto destrutivo e nocivo ao país do Governo Bolsonaro, defender o Legado do PT no Brasil e no município, lutar pela inocência do Presidente Lula e a anulação de sua condenação, restabelecendo seus direitos políticos. 

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Esta resolução, por sua vez, é reflexo de outra da Executiva Nacional que determina que os candidatos façam a defesa de Lula e Dilma Roussef, do legado do PT e do "Fora Bolsonaro". 

Campanha

Segundo o Blog de Jamildo, integrantes da Executiva Nacional cobraram a defesa de Lula e do PT pela campanha de Marília e, caso isso não ocorra, poderia impactar no repasse de verbas para a campanha. 

Cirilo Mota alegou que se há insatisfação por parte do Diretório Nacional, "só o Diretório Nacional que pode responder". "Mas a gente sente uma ausência sim da campanha de Marília da afirmação desses eixos, não só o PT, porque a gente sabe que teve já uma polêmica nesse sentido sobre a falta da estrela, do vermelho, mas isso é algo visível", disse. 

O presidente do PT Recife diz que não é possível esconder o PT na campanha. "Não dá para esconder que o PT é Lula, o PT é Dilma, é Haddad, é Humberto, é Cirilo, é isso. O PT governou essa cidade durante três gestões. As pessoas sabem do símbolo do PT. A estrela é nosso orgulho", completou Cirilo. 

Ainda na sabatina, Marília questionou se a discussão sobre o uso do vermelho e do símbolo do PT interessa à população da capital pernambucana. "Eu acho que esse negócio de cor de roupa, disso, daquilo, não importa. Eu sou do PT, meu número é 13, todo mundo sabe, isso não se esconde. Agora, a gente tem que falar sobre a cidade, sobre o Recife, sobre a situação do país e que a cidade tem que se adaptar à ela, então eu acho que esse assunto é mais uma questão para fazer picuinha e o povo não gosta de picuinha e muito menos eu", argumentou a candidata. 

Não é de hoje que figuram dentro do PT local dois principais grupos. Considerando os fatos mais recentes no período pré-eleição, podem ser divididos entre o que defendeu o lançamento de candidatura própria e hoje apoia a campanha de Marília Arraes e o que defendeu a manutenção da aliança do partido com o PSB e é crítico as posturas da candidata.

Um dos últimos episódios que evidenciou as divergências foi quando Marília Arraes falou sobre a possibilidade de discutir sobre o armamento da guarda municipal a partir da qualificação e formação do efetivo, o que levou o presidente do diretório municipal do PT do Recife ir a público expor seu posicionamento contrário.

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Os membros do grupo pró-aliança não estiveram presentes na inauguração do comitê da campanha de Marília, na última sexta-feira (2). O senador Humberto Costa (PT) não foi convidado. "Eu tinha pensado em ir, mas ninguém tinha feito convite formal e eu não fui, simplesmente porque não tinha sido convidado. Mas está superado", disse o senador.

Na última quinta-feira (1º), a petista comentou sobre o fato de não sair em defesa dos ex-prefeitos do Recife João Paulo (PCdoB, e PT na época em que era prefeito) e João da Costa (PT), atualmente vereador, durante sabatina na Rádio Folha. Marília jogou a responsabilidade de "esconder apoio do PT" ao seu adversário João Campos (PSB). Ela alegou que apesar de fazer críticas às gestões do PT anteriores à do seu aliado Geraldo Julio (PSB), o socialista é apoiado pelos dois ex-prefeitos nas eleições deste ano.

"Não é novidade para ninguém que no PT houve uma divergência em relação à minha candidatura, então quem é que está escondendo o PT? Eu não brigo por quem eu já tenho, eu tenho o 13, o presidente Lula deu um grande depoimento para a gente, a gente já exibiu na convenção. Agora, quem está escondendo o PT parece que é João Campos", afirmou.

João da Costa, inclusive, publicou um vídeo nas suas redes sociais no último sábado (3) vestido com uma camisa vermelha e sem citar nomes, critica quem segundo ele "esconde" a cor. "Oi pessoal, saindo agora para mais uma batalha, sempre com minha cor favorita: o vermelho de luta. Alguns por oportunismo eleitoral trocaram pelo branco, outros por falta de coragem o estão escondendo, mas a gente continua firme na luta porque a luta é do povo. Até a vitória", afirmou. 

Diretório

Os pernambucanos que integram o Diretório Nacional são Humberto Costa (PT), a deputada estadual Teresa Leitão (PT), o secretário de Saneamento do Recife, Oscar Barreto (PT), a presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape), Cícera Nunes e a secretaria de Comunicação do PT-PE, Sheila Oliveira. 

"O argumento para ela ser candidata é que ela ia defender Lula, Dilma, o PT, o legado do PT no Recife, então foi para isso foi que o Diretório Nacional escolheu ela, então essa posição nacional já de cobrança e tudo é muito nessa linha já de desconfiança", disse Oscar Barreto. "Quando o Diretório Nacional ameaça em relação a questão financeira, eu vou mais longe, se não colocar tem que sair da campanha. Se não colocar o Lula, a Dilma, o PT, tem que sair da campanha, não é só tirar o dinheiro não, é tirar tudo", completou Oscar. 

Humberto afirmou não ter conhecimento sobre qualquer relato de insatisfação do Diretório Nacional sobre a campanha de Marília "Eu não vi ninguém falando isso. Pode ser que exista mas eu não tenho conhecimento, não vi ninguém dizer, reclamar, pelo menos nos espaços onde eu participo", afirmou o senador, membro do Diretório Nacional. 

Sheila Oliveira, aliada de Marília, disse também desconhecer o fato. "Ao contrário, o que eu sei, é que Lula é um dos maiores entusiastas da candidatura de Marília e ela é uma das maiores promessas nacionais. É gente que quer justificar porque está fazendo campanha para outra candidatura. Está tudo lá no governo", afirmou. 

Teresa Leitão, também aliada da candidata, rechaça a possibilidade de corte dos repasses do partido. "Primeiro porque a postulação de Marília atendeu inclusive a uma articulação feita por Lula. O guia eleitoral nem começou para estar se exigindo presença de Lula. A parcela que era para chegar, já chegou. A direção nacional, pelo contrário, sabe que essa candidatura de Marília é uma das com mais chance de vitória pelo Nordeste. E tudo que ela está fazendo tudo é de comum acordo com a direção nacional", afirmou. 

No caso das candidaturas majoritárias das capitais, o repasse das verbas é feito diretamente para as campanhas do candidato majoritário e das proporcionais, para o diretório municipal. Já para outros municípios, todos os recursos seguem para a direção estadual, que faz a distribuição entre os municípios. 

Nos bastidores da campanha da petista, a avaliação é de que nesse primeiro momento da campanha - que se iniciou no dia 27 de setembro - deve ser feita a apresentação da própria Marília, que nunca disputou uma eleição majoritária, e das propostas para o município. 

Lula

Perguntada sobre a participação de Lula na campanha, Marília afirmou que ele se colocou à disposição para visitar o Recife. "Sem dúvida alguma, se for possível para ele, porque ele também tem 75 anos, ele está em isolamento, mas sem dúvida alguma ele vai participar da sua campanha, isso ai não tem nenhuma dúvida quanto a isso", disse. 

Ela citou um vídeo gravado por Lula em que ele demonstra apoio à candidatura da petista, veiculado na convenção partidária, no dia 16 de setembro. Em boa parte do vídeo, Lula faz a defesa do legado do PT no País e nos municípios brasileiros e ao final, declara apoio a Marília. 

"Vamos lembrar a cada eleitor e a cada eleitora desse país quem defende você é o PT.  A partir de cada cidade desse país vamos juntos reconstruir o nosso querido Brasil. Por isso em Recife Marília Arraes está preparada para fazer as mudanças que o povo precisa. Vamos com o Partido dos Trabalhadores, vamos com Marília Arraes", diz trecho do vídeo. 


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