A um mês do primeiro turno, candidatos do Recife intensificam campanha

Campanhas mais propositivas, embates acirrados e tom endurecido estão no radar dos candidatos do Recife a medida em que se aproxima a data do primeiro turno, em 15 de novembro
Candidatos à Prefeitura do Recife Foto: JC


Arte: JC - Eleições 2020

Campanhas mais propositivas, embates acirrados e tom endurecido entre os candidatos majoritários. Especialistas consultados pelo JC avaliam como se dará a corrida eleitoral do Recife, que nesta quinta-feira (15) chega a marca de 30 dias para o segundo turno. Apesar de a eleição ocorrer em um ano atípico, diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19), as campanhas de rua devem ser intensificadas nesta fase. Mas, o que antes tinha como objetivo ser um momento de apresentação dos candidatos, principalmente aqueles que estão disputando a eleição para prefeito pela primeira vez, agora tem como foco a apresentação de propostas mais robustas para conquistar o eleitorado.

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Durantes estes 30 dias restantes, os prefeituráveis também vão começar a traçar uma polarização com os adversários que eles têm a possibilidade de tirar votos, visando o campo do segundo turno. “Agora vamos ter um corpo a corpo de ideias com estratégias que vão estar focados no tipo de eleitorado que o candidato quer conquistar. Deve haver um acirramento entre Marília (Arraes) e Mendonça (Filho), pela possibilidade de irem para o segundo turno com João Campos”, avalia o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)), Ernani Carvalho, ao citar os primeiros colocados na avaliação da pesquisa Ibope/JC/ Rede Globo, divulgada no dia 2 de outubro.

Para o cientista político e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Antônio Lucena, o debate entres esses três candidatos deverá ir além do espectro político da direita ou da esquerda, há um fator a ser considerado: o voto útil. “Quem está descontente com Geraldo, deve votar em alguém que retire o PSB do poder. Quem não quer candidato ligado ao bolsonarismo, votará mais na esquerda. Quem referenda a administração tende a continuar com o PSB e votar em João Campos, e quem quer alternativa vai privilegiar candidatos mais competitivos, como Mendonça, que tem pauta de encontro direita, com slogan fazendo referência à campanha presidencial de 2018”, avalia o docente.

Ainda de acordo com Lucena, no caso da candidatura de Marília, a inclinação agora é de centrar o ataque a João Campos, uma vez que eles acabam disputando o mesmo tipo de voto. “Racionalmente, ela está adequada, pega parte do eleitorado descontente com Geraldo enquanto tenta, também, conquistar outra parcela do eleitorado que está descontente, mas tem dificuldades à esquerda, pois há um antipetismo forte no Recife e isso prejudica em parte sua candidatura”, explicou.

Segundo Ernani Carvalho, que também faz uma avaliação a respeito da Delegada Patrícia (Podemos), a entrada do deputado federal Daniel Coelho (Cidadania) nessa fase da campanha, com participação no guia eleitoral, poderá ser estratégia de alavancar seus nome dentro desse cenário. “Agora entrou o deputado federal Daniel Coelho, que está apadrinhando ela, pra ver se consegue alavancar os seus votos, mas a tendência é que depois parte dessa intenção de voto nela termine migrando para Mendonça, para que ele consiga garantir uma diferença com relação a Marília. Agora é importante dizer que eles vão estar pondo agora, nessa reta final propostas voltadas para eleitores específicos: de consolidação para quem já apoiava eles ou de conquista daqueles que ainda estão em dúvida”, afirmou Carvalho.

Antônio Lucena ressalta que a delegada tem se colocado como o “novo” e batido fortemente João Campos, Marília Arraes e Mendonça Filho. “Vemos uma tendência de votar em outsiders e ela tenta abarcar esse voto, assim como tem a pauta de combate à corrupção, coisa que está em alta. A população se preocupa com isso e ela vem do movimento que se consolidou com a Lava Jato e deve continuar insistindo nessa área, o problema é que ela tem candidatos fortes à frente, mesmo tendo índice de rejeição menor. Acredito que por conta do tamanho da campanha deve seguir na mesma linha”, pontuou o cientista político.

O que os candidatos esperam?

Questionados pelo JC sobre como se dará essa nova etapa da campanha, os candidatos a prefeito do Recife propõem a intensificação das agendas de rua e na atuação nas redes sociais. Mesmo os postulantes que pontuaram até 1% no último levantamento feito pelo Ibope, não haverá espaço para desânimo na corrida  pela Prefeitura do Recife. Os candidatos Victor Assis (PCO) e Marília Arraes (PT) não responderam a tentativa de contato até a última edição desta matéria. 

João Campos (PSB)

“Serão 30 dias de muito trabalho, percorrendo a cidade, ouvindo os recifenses, discutindo soluções para os desafios de cada localidade, e sempre nos colocando à disposição da população. A nossa campanha não perderá tempo com possíveis novos ataques de adversários. Vamos seguir fazendo uma campanha em favor do Recife e não contra ninguém”, afirma o candidato João Campos (PSB).

Mendonça Filho (DEM)

“Na verdade a gente vai intensificar as nossas agendas de rua, o contato com a população, respeitadas as regras de distanciamento, mas o contato direto com a população é sempre muito importante em qualquer campanha, mesmo em uma pandemia. Faremos também eventos de muita visibilidade nos próximos dias. A gente pode trazer uma ou mais novidades, mas as principais propostas já foram anunciadas”, ressalta o candidato Mendonça Filho (DEM)

Delegada Patrícia (Podemos)

"Estamos cumprindo uma agenda intensa de campanha. Vamos manter o mesmo ritmo de caminhadas, conversas, reuniões. Estamos em contato com a população nas ruas todos os dias, apresentando o nosso projeto", afirma a candidata Delegada Patrícia (Podemos)


Coronel Alberto Feitosa (PSC)

“O nosso planejamento de campanha tem um início, meio e fim e vai crescendo de acordo. É um terço dentro dos 45. Intensificando mais na área de comunicação, de live, rede social, impulsionamento, visitações de rua, até porque ainda hoje tive reunião com pesquisadores, a eleição não está na cabeça das pessoas. Pergunta se as pessoas viram o guia. A eleição não entrou ainda na cabeça das pessoas e acho que vai entrar daqui a uns 15 dias”, destaca o candidato Coronel Alberto Feitosa (PSC)

Carlos (PSL)

"Continuaremos mostrando nossas propostas, seja através do guia eleitoral, seja através de nossas redes sociais. Além disso intensificaremos ainda mais as visitas às comunidades, para entender as necessidades mais urgentes de cada uma delas", afirmou Carlos (PSL). 

Charbel (NOVO)

“Nós agora vamos começar a intensificar mais ainda as campanhas nas redes sociais, mais produção de conteúdos, vamos intensificar as ações de rua. Vamos partir para uma segunda etapa da campanha que vai ser mais intensa. No online a gente vai intensificar muito mesmo. E vamos reforçar para mostrar para a população o nosso diferencial em relação a todos os candidatos. Nós vamos mostrar que não usamos o fundo eleitoral, partidários, que já que eles não respeitam o dinheiro público do cidadão dificilmente vão respeitar depois de eleitos”, declara o candidato Charbel (Novo)

Cláudia Ribeiro (PSTU)

“Como qualquer campanha em uma democracia dos ricos, pra nós sempre é difícil. Mas, ao mesmo tempo temos a oportunidade de apresentar um projeto alternativo, um projeto socialista para cidade do Recife. 
Nossa campanha irá se intensificar cada vez mais através das redes sociais, das reuniões com apoiadores presencialmente, com nossas panfletagens nos bairros, nos canteiros de obras, nas garagens de ônibus.”, afirma a candidata Cláudia Ribeiro (PSTU).

Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB)

“Eu vou intensificar as visitas que a gente tem feito nas comunidades e a gente vai colocar mais conteúdo nas redes sociais, porque as pessoas precisam conhecer a verdade dos candidatos que querem se dizer Bolsonaro quando na verdade não são. Vou mostrar a verdade de cada um, onde estavam os candidatos na eleição de 2018”, avisou Marco Aurélio (PRTB).

Thiago Santos (UP)

“Nossa campanha é militante e programática. A tarefa é seguir visitando as comunidades, apoiar as reivindicações da classe trabalhadora como os cobradores demitidos e os motoristas com dupla função que estão lutando; apoiar os protestos dos enfermeiros por melhores salários e cumprimento dos acordos e todos os movimentos de protesto. Conversando com o povo nas ruas vamos apresentar nosso programa e assumir as lutas que interessam aos mais pobres”, projeta o candidato Thiago Santos (UP)

 

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