Demitido, Marcelo Álvaro Antônio aguarda decisão do STF sobre 'laranjal mineiro'

Uma denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Eleitoral no ano passado, mas ainda não foi avaliada pela Justiça
Estadão Conteúdo
Publicado em 09/12/2020 às 22:37
Marcelo Álvaro Antônio foi demitido nesta quarta-feira (9) Foto: ALAN SANTOS/PR


Demitido, o agora ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio aguarda uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que pode travar a investigação que tenta colocá-lo no banco dos réus no caso do 'laranjal mineiro' do PSL. Uma denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Eleitoral no ano passado, mas ainda não foi avaliada pela Justiça.

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O ex-ministro foi demitido nesta quarta (9) pelo presidente Jair Bolsonaro após atritos com o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos. Segundo o Estadão apurou com integrantes do Palácio do Planalto, os dois vinham divergindo internamente porque o ministério do Turismo passou a ser citado como moeda de troca por apoio no Congresso.

Marcelo Álvaro Antônio é acusado de integrar esquema que desviou recursos públicos por meio de candidaturas de fachada nas eleições de 2018. Segundo a Polícia Federal, o PSL utilizou candidatas laranja para fraudar a cota mínima de participação feminina e desviar verbas de campanha a outros candidatos. À época, o ex-ministro era presidente do partido em Minas.

Ao menos quatro mulheres que figuram entre as que receberam maiores repasses do PSL tiveram, juntas, cerca de dois mil votos e não teriam se dedicado à campanha. As investigações também descobriram que gráficas que supostamente teriam prestado serviço às candidatas não tinham registro de nenhuma transação - uma delas não funcionava desde 2016. Outra empresa pertencia a um irmão de um dos coordenadores da campanha de Marcelo Álvaro Antônio.

O ex-ministro sempre negou as acusações. No Supremo, um processo sob sigilo discute a competência das investigações devido ao foro privilegiado. A Corte tem o entendimento de que a prerrogativa é válida somente a crimes cometidos durante o mandato ou exercício do cargo - à época das investigações, Marcelo Álvaro Antônio era deputado federal e disputava a reeleição.

O caso está sob análise do ministro Gilmar Mendes, que deverá decidir se a investigação deve ser remetida ao Supremo ou continuar com as autoridades mineiras.

No ano passado, o hoje presidente do Supremo Luiz Fux negou um pedido semelhante apresentado por Marcelo Álvaro Antônio. Para Fux, as investigações abrangem o período estritamente eleitoral e não tem relação com o cargo de deputado de Marcelo Álvaro Antônio. Por isso, ele não deveria ser beneficiado com o foro neste caso.

"A presente reclamação revela-se manifestamente improcedente, por contrariar os precedentes deste Supremo Tribunal Federal, que afastam a competência originária desta Corte para o processo e julgamento de crimes não relacionados ao exercício do mandato parlamentar", afirmou Fux, em fevereiro de 2019.

A decisão atendeu manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), à época comandada por Raquel Dodge. Em parecer de apenas quatro páginas, ela afirmou que o caso de Marcelo Álvaro Antônio não se enquadrada no entendimento do Supremo sobre foro.

"Os fatos em análise, mesmo tendo ocorrido durante o mandato de deputado federal do reclamante, são totalmente estranhos ao exercício do mandato, pois envolvem situações exclusivamente de cunho eleitoral, associadas apenas ao pleito eletivo de 2018", destacou Dodge.

COM A PALAVRA, A DEFESA DO EX-MINISTRO DO TURISMO MARCELO ÁLVARO ANTÔNIO

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com a defesa do ex-ministro Marcelo Álvaro Antônio, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

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