O Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos) foi preso na manhã desta terça-feira (22) em uma operação conjunta entre Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Além do mandatário, o empresário Rafael Alves e aposentado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro da campanha de Crivella, Mauro Macedo e o empresário Adenor Gonçalves dos Santos também foram presos.
A ação é um desdobramento da Operação Hades, que investiga um suposto "QG da Propina" na Prefeitura do Rio.
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O prefeito, que está a nove dias de concluir o mandato, foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca, de onde foi levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Para lá também seguiram os outros alvos da operação, onde irão, primeiro, para a delegacia Fazendária.
Ao chegar na delegacia Fazendária do Estado, poucos minutos após ser preso, Crivella afirmou que foi "o governo que mais atuou contra a corrupção" na cidade. Ele disse ainda que a ação deflagrada pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio é "perseguição política".
"[Esta operação] é uma perseguição política. Lutei contra o pedágio ilegal, tirei recursos do carnaval, negociei o VLT, fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro", disse Crivella, que também afirmou que sua expectativa é que a justiça seja feita.
Como o vice-prefeito Fernando Mac Dowell morreu em 2018, quem assume a Prefeitura do Rio nos últimos dias é Jorge Felippe (DEM), presidente da Câmara de Vereadores carioca.
O ex-senador Eduardo Lopes (Republicanos), que era suplente de Crivella até a posse dele na Prefeitura, também é alvo da operação. Ele também já foi secretário de Pecuária, Pesca e Abastecimento do governador afastado Wilson Witzel e Ministro da Pesca no Governo Dilma, também em substituição a Crivella. No entanto o ex-parlamentar, não foi encontrado em casa pelos policiais. A informação é que ele teria se mudado para Belém, no Pará, mas deve se apresentar às autoridades.
A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso no âmbito da operação "Câmbio, Desligo", um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense. Veio dele a expressão "QG da Propina" para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves - os dois foram os principais alvos dos mandados de março, e Marcelo foi exonerado logo depois.
O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a Prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento.
Durante a primeira fase da operação, um vídeo mostra um delegado atendendo a suposta ligação de Crivella para o celular de Rafael. Segundo o relatório da polícia, na tela do celular apareceu a identificação da pessoa que estava ligando: “Prefeito Crivella Novo 2”. Ao atender, o delegado identificou a voz do interlocutor como sendo do prefeito, que disse: “Alô, bom dia Rafael. Está tendo uma busca e apreensão na Riotur? Você está sabendo?”.
Por causa disso, em setembro, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o MP-RJ cumpriram mandados de busca e apreensão na Prefeitura do Rio, no Palácio da Cidade, e na casa de Crivella. À época, o político teve o celular apreendido.
Em novembro, Crivella perdeu a eleição municipal para o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). No pleito municipal, o republicano conquistou 913.700 votos e 35,93% da preferência dos cariocas, mas não foi suficiente para derrotar o democrata, que foi eleito com 1.629.319 votos válidos, um percentual de 64,07%.