'Fui o governo que mais atuou contra a corrupção', diz Marcelo Crivella após ser preso no Rio de Janeiro

O prefeito carioca, a nove dias de concluir o mandato, foi preso em uma operação que investiga um suposto "QG da Propina" na prefeitura
Marcelo Aprígio
Publicado em 22/12/2020 às 8:09
Crivella disse ainda que a ação deflagrada pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio é "perseguição política" Foto: ANDRE MELO ANDRADE/ESTADÃO CONTEÚDO


O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), afirmou na manhã desta terça-feira (22), ao chegar na delegacia Fazendária do Estado, poucos minutos após ser preso em uma operação que investiga um suposto "QG da Propina" na prefeitura, que foi "o governo que mais atuou contra a corrupção" na cidade. Ele disse ainda que a ação deflagrada pela Polícia Civil e o Ministério Público do Rio é "perseguição política".

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"[Esta operação] é uma perseguição política. Lutei contra o pedágio ilegal, tirei recursos do carnaval, negociei o VLT, fui o governo que mais atuou contra a corrupção no Rio de Janeiro", disse Crivella, que também afirmou que sua expectativa é que a justiça seja feita.

Prisão

Crivella, que está a nove dias de concluir o mandato, foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca, de onde foi levado para a Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Para lá também seguem os outros alvos da operação, onde irão, primeiro, para a delegacia Fazendária.

Como o vice-prefeito Fernando Mac Dowell morreu em 2018, quem assume a Prefeitura do Rio nos últimos dias é Jorge Felippe (DEM), presidente da Câmara de Vereadores carioca.

Além do político, o empresário Rafael Alves e aposentado Fernando Moraes, o ex-tesoureiro da campanha de Crivella, Mauro Macedo e o empresário Adenor Gonçalves dos Santos também foram presos.

O ex-senador Eduardo Lopes (Republicanos), que era suplente de Crivella até a posse dele na Prefeitura, também é alvo da operação. Ele também já foi secretário de Pecuária, Pesca e Abastecimento do governador afastado Wilson Witzel e Ministro da Pesca no Governo Dilma, também em substituição a Crivella. No entanto o ex-parlamentar, não foi encontrado em casa pelos policiais. A informação é que ele teria se mudado para Belém, no Pará, mas deve se apresentar às autoridades.

'QG da Propina'

A investigação teve como ponto de partida a delação premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso no âmbito da operação "Câmbio, Desligo", um dos desdobramentos da Lava Jato fluminense. Veio dele a expressão "QG da Propina" para se referir ao esquema, que teria como operador Rafael Alves, irmão do ex-presidente da Riotur, Marcelo Alves - os dois foram os principais alvos dos mandados de março, e Marcelo foi exonerado logo depois.

O suposto QG funcionaria assim, de acordo com o delator: empresas interessadas em trabalhar para o Executivo carioca entregavam cheques a Rafael, que faria a ponte com a Prefeitura para encaminhar os contratos. O esquema também funcionaria no caso de empresas com as quais o município tinha dívidas - aqui, o operador mediaria o pagamento.

Durante a primeira fase da operação, um vídeo mostra um delegado atendendo a suposta ligação de Crivella para o celular de Rafael. Segundo o relatório da polícia, na tela do celular apareceu a identificação da pessoa que estava ligando: “Prefeito Crivella Novo 2”. Ao atender, o delegado identificou a voz do interlocutor como sendo do prefeito, que disse: “Alô, bom dia Rafael. Está tendo uma busca e apreensão na Riotur? Você está sabendo?”.

Por causa disso, em setembro, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o MP-RJ cumpriram mandados de busca e apreensão na Prefeitura do Rio, no Palácio da Cidade, e na casa de Crivella. À época, o político teve o celular apreendido.

Derrota nas eleições

Em novembro, Crivella perdeu a eleição municipal para o ex-prefeito Eduardo Paes (DEM). No pleito municipal, o republicano conquistou 913.700 votos e 35,93% da preferência dos cariocas, mas não foi suficiente para derrotar o democrata, que foi eleito com 1.629.319 votos válidos, um percentual de 64,07%.

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