Vacina

Pazuello alfineta Doria sobre vacinação: 'Não faremos uma jogada de marketing'

nós poderíamos em um ato simbólico ou em uma jogada de marketing iniciar a primeira dose em uma pessoa. Mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso

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Luisa Farias

Publicado em 17/01/2021 às 17:08 | Atualizado em 17/01/2021 às 17:56
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Em seu pronunciamento neste domingo (17) após o anúncio de aprovação das vacinas Coronavac e de Oxford pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o ministro da Saúde Eduardo Pazuello afirmou que, mesmo tendo a oportunidade de realizar a primeira vacinação contra a covid-19 no Brasil, não promoveu uma "jogada de marketing" em respeito a pactuação feita entre a pasta e os governadores do País. No momento em que fazia o pronunciamento, em São Paulo ocorria a vacinação da primeira pessoa no País no Hospital das Clínicas, com a presença do governador paulista. 

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"O Ministério da Saúde tem em mãos nesse instante as vacinas tanto do Butantan quanto da Astrazeneca. E nós poderíamos em um ato simbólico ou em uma jogada de marketing iniciar a primeira dose em uma pessoa. Mas em respeito a todos os governadores, prefeitos e todos os brasileiros, o Ministério da Saúde não fará isso. Não faremos uma jogada de marketing", afirmou o ministro. 

Pouco depois do anúncio da autorização da Anvisa, o governador de São Paulo João Dória (PSDB) promoveu a vacinação da primeira pessoa no território brasileiro, a enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, no Hospital das Clínicas de São Paulo. A Coronavac é o único imunizante contra a covid-19 com estoque no Brasil.

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Mônica Calazans, 54, faz parte do grupo de risco para complicações da covid-19 - Governo de São Paulo
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A primeira brasileira vacinada contra o coronavírus é Mônica Calazans, 54, enfermeira da UTI do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. - Governo de São Paulo
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A partir desta segunda (18), entra em operação o plano logístico de distribuição de doses, seringas e agulhas - Governo de São Paulo
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Vacina já começou a ser aplicada em São Paulo neste domingo (17), logo após anúncio da aprovação do uso emergencial da Coronavac pela Anvisa - Governo de São Paulo
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Neste primeiro dia de campanha, profissionais de saúde de hospitais de referência no combate à pandemia e integrantes de populações indígenas começaram a ser vacinados - Governo de São Paulo
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A imunização teve início após a aprovação do uso emergencial da vacina do Instituto Butantan pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) - Governo de São Paulo
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São Paulo começou a vacinar a população contra a COVID-19 neste domingo (17), segundo governo estadual - Governo de São Paulo

Briga política

João Dória e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) travam uma guerra política em relação a vacinação contra a covid-19. Dória capitaneou a pesquisa e fabricação da Coronav pelo Instituto Butantan. "Hoje é um dia muito especial para milhões de brasileiros que estão sofrendo com a COVID-19 em hospitais, centros de atendimento e em suas casas. E também aos que estão em quarentena, se protegendo e ajudando a proteger suas famílias. Hoje é o Dia V, o dia da vacina, da vitória, da verdade e da vida. Quero dedicar este dia aos familiares dos 209 mil mortos pela COVID-19", disse Doria em coletiva de imprensa neste domingo (18). 

O imunizante produzido pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, que teve aval de uso emergencial pela Anvisa, não está no Brasil. O governo federal tentou a importação de 2 milhões de doses na Índia, mas o plano enfrentou problemas. O avião que iria para o país asiático buscar o produto nem chegou a decolar. Com isso, o governo federal se apressou para solicitar nessa sexta, 15, as doses da Coronavac do Instituto Butantã para começar a campanha de vacinação.

Segundo Pazuello, o plano de trazer as doses da Índia não foi levado à frente porque o governo local ainda não havia começado a campanha de imunização contra a covid-19. O desgaste político dos governantes indianos de eventual liberação das 2 milhões de doses antes de começar a vacinação local, portanto, foi um empecilho. "Estamos nas negociações diplomáticas para que seja autorizada a entrega", afirmou Pazuello.

Ainda no seu pronunciamento, Pazuello ressaltou a elaboração do Plano Nacional de operacionalização para vacinação contra a covid-19 - implementado por meio da Medida Provisória nº 1.026/2021 - cuja execução é de responsabilidade do Ministério da Saúde. A cerimônia de apresentação do plano ocorreu no Palácio do Planalto em 16 de dezembro do ano passado, com a presença dos governadores. 

"Esse plano já foi apresentado ao STF, lançado de maneira solene no Palácio do Planalto com todos os governadores, sendo pactuado nesses governos com estados e distrito federal. Quebrar essa pactuação é desprezar a igualdade entre os estados e entre todos os brasileiros construída ao longo de nossa história com o Programa Nacional de Imunização. Quebrar isso é desprezar a lealdade federativa", afirmou.

O ministro dirigiu-se aos governadores ao pedir que eles não permitam "movimentos político-eleitoreiros se aproveitando da vacinação em seus estados", disse. "O nosso único objetivo nesse momento tem de ser salvar mais vidas e não fazer propaganda própria", completou. 

Pernambuco

O governador Paulo Câmara (PSB) cobrou do Ministério da Saúde, por meio das redes sociais - um cronograma para o início da imunização nos estados brasileiros. 

"As vacinas da Astrazeneca/Oxford e da Sinovac/Butantan cumpriram todas as etapas e foram aprovadas para uso emergencial pela Anvisa. Os estados estão prontos, o Governo Federal precisa divulgar o cronograma e iniciar a vacinação já", afirmou o governador no Twitter.

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