O deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) usou as suas redes sociais na última quinta-feira (14) para cobrar, do governador Paulo Câmara (PSB) e do secretário estadual de saúde, André Longo, "coragem" para exigir que as concessionárias de transporte público aumentem a oferta de veículos em circulação durante a pandemia de covid-19. A cobrança do parlamentar foi feita um dia após Longo ter afirmado, durante coletiva de imprensa, que poderia voltar a fechar as praias caso as aglomerações registradas nos últimos fins de semana voltem a se repetir. A partir desta sexta-feira (15), o governo proibiu som, ao vivo ou mecânico, em bares, praias, boates e restaurantes.
"Eu gostaria de perguntar ao secretário de Saúde e ao governador de Pernambuco por que eles não trabalham para impedir as aglomerações dentro dos ônibus. As redes sociais mostram isso todo dia. As pessoas, secretário, estão se contaminando dentro dos ônibus. E os ônibus eles utilizam principalmente para trabalhar, então contaminam seus colegas de trabalho, vão para casa e contaminam seus familiares. Por que o secretário e o governador não atuam junto às concessionárias, as obrigando a colocar mais ônibus nas ruas? Expliquem isso à sociedade", disparou Feitosa.
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De acordo com o último boletim com os dados da covid-19 no Estado, divulgado na quinta (14), Pernambuco já registra 9.946 mortes em decorrência da enfermidade. Com a média móvel de 26 mortes por dia, observa-se uma alta de 50% no número de óbitos em comparação com 14 dias atrás.
O Palácio do Campo das Princesas foi procurado pelo JC para responder à cobrança do deputado Alberto Feitosa, mas informou que não comentaria as declarações do parlamentar. No início da manhã, no entanto, em entrevista à Rede Globo, o secretário de Justiça e Direitos Humanos do Estado, Pedro Eurico, afirmou que os coletivos "não são um vetor importante da contaminação" porque, segundo ele, "as pessoas ficam pouco tempo no ônibus". O auxiliar de Paulo Câmara disse, também, que "em qualquer lugar do mundo há aglomeração em veículos automotivos ou em trens urbanos".
Segundo informações publicadas pela repórter Roberta Soares na coluna de Mobilidade do JC com base em dados repassados pelo Grande Recife Consórcio de Transportes, neste mês de janeiro o Sistema de Transporte Público da RMR está operando com 71% da frota, o que corresponde a 1.708 veículos. Antes da pandemia, a rede tinha 3.600 coletivos. A demanda de passageiros, por sua vez, oscila entre 50% e 60%, conforme os dados do governo de Pernambuco.