O ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia demonstrou descontentamento com sua sigla, o Democratas (DEM). Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada nesta segunda-feira (8), o deputado disse que a legenda foi para a "extrema-direita" e fez críticas ao presidente do DEM, Antonio Carlos Magalhães Neto, o ACM Neto.
Maia afirmou ter demorado a perceber que tinha sido "traído" por quem considerou ser um amigo de 20 anos. A Comissão Executiva Nacional do DEM decidiu pela neutralidade na eleição para o comando da Câmara enquanto Maia apoiava o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que foi derrotado por Arthur Lira (PP-AL), candidato de Jair Bolsonaro.
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“Todo mundo dizia que ele [ACM Neto] tinha feito acordo. O Palácio dizia que ele tinha feito acordo, Ciro Nogueira dizia que o DEM ia ficar neutro e eu falava que não, que o Neto tinha me dito que não”, afirmou Maia. Segundo ele, a negociação foi um “papelão”.
"Combinei tudo com o presidente e o líder do partido. Até meu discurso de formação do bloco, um discurso duro, enviei para o Neto e ele concordou, disse que estava espetacular. Mesmo a gente tendo feito o movimento que interessava ao candidato dele no Senado (Rodrigo Pacheco), ele entregou a nossa cabeça numa bandeja para o Palácio do Planalto", declarou Maia.
Bolsonaro
Segundo Maia, o DEM deu uma guinada à direita e pode se tornar o partido de Bolsonaro para a disputa da reeleição em 2022. "O DEM decidiu majoritariamente por um caminho, voltando a ser de direita ou extrema-direita, que é ser um aliado do Bolsonaro. Não descarto nem a hipótese de o Bolsonaro acabar filiado ao DEM", falou Maia.
Com isso, de acordo com Rodrigo Maia, a legenda afasta a chance de apoio a possíveis adversários d e Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, como o apresentador Luciano Huck. “Se decidisse ser candidato, [Huck] estava 90% resolvido que se filiaria ao DEM”, afirmou Maia.
Desgastado dentro do partido, Maia deve migrar para outra sigla. Nos últimos dias, especulou-se que ele poderia se filiar ao Cidadania, ao PSDB ou ao PSL. O deputado disse que ainda está decidindo para qual partido irá. "Apenas quero deixar claro para os que me acompanham e acompanharam meus 4 anos e 7 meses à frente da Câmara que não sou um vendido, que tenho caráter, que [não] construí um bloco com partidos de direita e esquerda para enganar essas pessoas. Estarei num partido que será de oposição ao presidente Bolsonaro.”