DECISÃO

Políticos pernambucanos se dividem sobre decisão do STF de considerar Moro parcial ao julgar Lula

Lideranças do estado avaliam impactos da suspeição de Sergio Moro no combate à corrupção e no cenário político da eleição de 2022

Mirella Araújo Luisa Farias
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Mirella Araújo
Luisa Farias
Publicado em 23/03/2021 às 21:46
YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
GOVERNADOR Paulo disse que decisão reforça imparcialidade da Justiça - FOTO: YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM
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A decisão pela suspeição do ex-juiz Sergio Moro na condução do julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), dividiu a opinião da classe política nesta terça-feira (23). Para o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), em 2021 “não existe mais Lava Jato”. “Será que foi porque acabou a corrupção? Nenhum político fez nada de errado? Porque estão todos, de todos os partidos, sendo liberados, um por um”, indaga o parlamenta.

Segundo Coelho, o que está ocorrendo no Brasil é um “grande acordo de impunidade". Os políticos brasileiros não se unem para resolver o problema da saúde pública, mas para enterrar a Lava Jato parece que todos sentam à mesa.”, criticou. Ainda de acordo com o deputado federal do Cidadania, é cedo para avaliar os impactos eleitorais da decisão referendada pelo STF ao declarar a parcialidade de Moro. “Temos uma pandemia terrível para ser vencida pela frente. No caminho que vamos, o efeito que vejo para 2022 é a falta de esperança e a descrença cada vez maior do povo brasileiro.”, disparou.

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O deputado federal Túlio Gadêlha (PDT) defendeu que, com a mudança do seu voto, Cármen Lúcia “fez justiça”. Na sessão desta terça (23) da Segunda Turma do STF, ela modificou o posicionamento que havia dado em 2018, e votou pela parcialidade do ex-juiz, o que virou o placar. Foram três votos a favor da suspeição de Moro (Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia) e dois contra (Edson Fachin e Kassio Nunes Marques).

“A vitória pela suspeição de Moro é a prova da inocência de Lula nesse caso do triplex e é a prova que não tivemos um juiz que julgou esse processo. Tivemos alguém que agiu politicamente, com parcialidade e com interesses”, declarou Túlio.

O pedetista avalia que a decisão do STF impacta diretamente no cenário eleitoral das eleições presidenciais de 2022, que tende a se tornar ainda mais polarizado, segundo ele, com o possível embate entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

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“Existe uma tentativa de se construir um debate profundo que fuja da polarização, e eu tenho tentado construir esse debate já há muitos anos sobre o futuro do país, sobre um projeto de desenvolvimento nacional. Mas a volta do ex-presidente Lula polariza completamente porque são dois pólos que se odeiam disputando a Presidência da República, os bolsonaristas e os petistas. Isso tende a abafar qualquer terceira via que venha a disputar a eleição. Isso é ruim para o debate político, mas é um fato consumado”, afirma o deputado.

Ex-candidata a prefeita do Recife, a Delegada Patrícia (Podemos), utilizou as redes sociais para criticar a decisão da maioria dos ministros da Segunda Turma do STF. “Passando só pra lembrar que ninguém inventou os 5 bilhões devolvidos pelos corruptos na Operação Lava Jato. Mas como a impunidade segue vencendo, já já nossa pobre nação terá que devolver esse dinheiro aos ladrões”, declarou Patrícia.

Também ex-candidata à prefeita da capital pernambucana, a deputada federal Marília Arraes (PT) classificou a decisão do STF como uma “vitória da democracia” e do “estado democrático de direito”. “A história sempre cobra e hoje foi o dia em que o ex-juiz entrou na lata de lixo da história para nunca mais sair”, disse a petista.

Ela ainda elogiou o posicionamento dos ministros Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Cármen Lúcia. “Parabéns pela aula jurídica. Ensinaram a certos ex-juízes como é trabalhar com a verdade! Cada vez mais confirmada a armação que foi a eleição de 2018. Mas 2022 vem aí!”, completou Marília.

Constituição

O deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos) acredita que a decisão da Segunda Turma se deu em cumprimento à Constituição Federal. “Qualquer advogado ou aqueles que estudam o direito constitucional tem a compreensão de que houve um conjunto de exageros e erros na condução de alguns processos no Brasil.

Apesar de considerar que ainda é cedo para tratar sobre eleição, diante da situação crítica que o País se encontra devido a pandemia da covid-19, segundo ele, é “inegável” que caso o ex-presidente Lula seja candidato à Presidência da República nas eleições de 2022, ele terá um “papel muito importante”, disse. “Goste ou não goste do presidente Lila, o que nós precisamos respeitar sempre é a constituição e é o que foi feito ao longo do dia de hoje”, completou o deputado.

Para o ex-senador Armando Monteiro Neto (PSDB), sob o ponto de vista jurídico e processual, era muito claro que Sergio Moro feriu os postulados do devido processo legal. “Há sim, elementos claros que indicam uma posição de parcialidade no processo. O julgamento do STF é uma decisão que eu respeito”, declarou Monteiro Neto. No entanto, questionado sobre os impactos políticos a respeito desta decisão, independente de quem possa ser beneficiado ou prejudicado por ela, o ex-senador declara que irá trabalhar por uma via alternativa à polarização entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

“Gostaria que o Brasil não tivesse colocado nesta polarização. Tenho muito respeito pelo que o ex-presidente fez pelo Brasil e por Pernambuco, não se pode negar o papel importante que ele teve e ainda tem, mas eu também reconheço os erros cometidos”, afirmou Armando. “Já Bolsonaro é um caminho que não serve mais para o Brasil por tudo que está acontecendo. O país não pode repetir essa opção de 2018, de uma pessoa que é reconhecidamente incapaz de exercer a presidência da República. Por isso defendo essa quebra da polarização”, completou.

MARCOS CORREA/PALÁCIO DO PLANALTO
Sergio Moro ainda pode entrar com recurso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - FOTO:MARCOS CORREA/PALÁCIO DO PLANALTO

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