O Ministério da Defesa anunciou, nesta terça-feira (30), que os comandantes das três Forças Armadas vão deixar os cargos: Edson Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Moretti Bermudez (Aeronáutica). O anúncio acontece um dia após a demissão do ministro da Defesa e de outros cinco membros do governo.
A decisão foi comunicada, segundo a pasta, na reunião dos três oficiais com o novo ministro, Walter Braga Netto, e o antecessor, Fernando Azevedo e Silva. A reunião dos comandantes das Forças Armadas teve momentos de tensão. O Estadão apurou que o mais exaltado no encontro foi o almirante Ilques Barbosa, da Marinha, com reações que beiraram à insubordinação, conforme relatos de presentes.
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O ministério da Defesa não informou os motivos da decisão, sem precedentes na história do Brasil, segundo os comentaristas. No entanto, os analistas estimam que seja resultado do descontentamento dos três comandantes com a destituição, nessa segunda-feira (29), do general Fernando Azevedo e Silva, relutante às tentativas do presidente Jair Bolsanaro de politizar as Forças Armadas. Azevedo e Silva disse ao anunciar sua saída que, durante sua gestão, conseguiu preservar "as Forças Armadas como instituições do Estado". Os nomes dos novos comandantes ainda não foram anunciados.
As mudanças no ministério da Defesa se seguem à reforma anunciada na segunda-feira pelo governo Bolsonaro, que enfrenta uma pressão crescente por parte de seus aliados no Congresso, especialmente dos partidos conservadores no 'centrão', que pedem mudanças de rumo em meio à sua questionada gestão da pandemia que já matou 313.000 pessoas no país. Além disso, o presidente está perdendo popularidade nas pesquisas, à medida que as condições econômicas se agravam e a vacinação avança mais lentamente do que o esperado.
O destaque da reforma foi a demissão do ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, acusado de ter prejudicado a compra de vacinas contra a covid-19 pelas suas discussões com a China e pelo seu alinhamento excessivo com Washingon durante a gestão do ex-presidente Donald Trump. Será substituído por Carlos Alberto Franco França, um diplomata de formação, de 56 anos, que trabalhava como funcionário da assessoria especial da Presidência da República. Junto a essa mudança, somam-se a dos titulares da Justiça, da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Secretaria da Presidência.
"As mudanças respondem a uma lógica dupla: primeiro porque [Bolsonaro] precisa dar espaço para o 'centrão', e segundo porque está se preparando para a crise política que pode vir e quer estar cercado de pessoas extremamente leais, principalmente nas Forças Armadas", disse à AFP o analista Oliver Stuenkel.
Confira a nota
Ministério da Defesa
Centro de Comunicação Social da Defesa
Nota oficial
Brasília, DF
Em 30 de março de 2021
O Ministério da Defesa (MD) informa que os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão substituídos.
A decisão foi comunicada em reunião realizada nesta terça-feira (30), com presença do Ministro da Defesa nomeado, Braga Netto, do ex-ministro, Fernando Azevedo, e dos Comandantes das Forças