Em encontro nesta quarta-feira (7) com o presidente do MDB-PE, deputado federal Raul Henry, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, comunicou oficialmente ao dirigente partidário que tem planos para disputar o governo estadual em 2022 e abriu um canal de diálogo com a cúpula da sigla para aprofundar o debate em torno desta possibilidade ao longo dos próximos meses. Para que Miguel alcance esse objetivo, no entanto, uma longa estrada se apresenta para que os grupos políticos do gestor municipal e de Raul cheguem a um entendimento, uma vez que, hoje, eles estão em campos opostos tanto no âmbito local quanto nacional.
Em Pernambuco, o MDB está na base de apoio ao governador Paulo Câmara (PSB), mas Miguel e o seu pai, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), estão na oposição. No plano nacional, FBC é líder do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Senado, enquanto Raul e o senador Jarbas Vasconcelos (MDB) não estão alinhados com o chefe do Executivo.
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Sobre o atual elo entre emedebistas e socialistas no Estado, Miguel Coelho diz que a configuração não o preocupa, uma vez que a formatação de uma candidatura própria na sua agremiação naturalmente a afastaria da Frente Popular. “A partir do momento que o partido admite a possibilidade de poder construir esse projeto majoritário, não um projeto em si mesmo, mas um projeto coletivo, a questão da Frente Popular se resolve automaticamente. A coligação e o PSB vão tocar as vidas deles do jeito que acharem melhor e nós vamos traçar uma estratégia que não pense apenas no interesse partidário interno, como a gente já viu em algumas campanhas, que vieram acompanhadas até de algumas contradições. Todo mundo se lembra, por exemplo, como foi a campanha de 2020 entre PT e PSB (no Recife), mas parece que já passaram a borracha sobre isso”, afirmou.
O prefeito se referiu a uma reunião que ocorreu nesta quarta entre as cúpulas do PT e do PSB, contando inclusive com as presenças de Paulo Câmara e do ex-presidente Lula (PT). No encontro, os partidos, que trocaram duras acusações na última campanha municipal do Recife, teriam iniciado uma reaproximação visando a eleição de 2022.
A respeito da questão nacional, Miguel minimizou as diferenças com os correligionários e disse que, apenas quando o diretório nacional do MDB definir os rumos que adotará no próximo pleito, será possível saber como a sigla vai se comportar com relação a isso em Pernambuco. O gestor frisou, no entanto, que “o projeto coletivo” da legenda para o Estado “é maior do que qualquer uma dessas coisas”.
“Eu não vejo nenhum óbice para que possamos superar essas questões, mas a gente precisa ir dialogando, construindo, somando, e tudo isso vai se resolver, até porque o projeto coletivo de Pernambuco é maior do que qualquer uma dessas coisas. Nós estamos discutindo um projeto estadual e o diretório nacional vai discutir o projeto nacional, a gente não pode querer misturar, pois cada um tem a sua opinião. Em uma democracia não se constrói nada na base do grito, da imposição ou desrespeitando a opinião dos seus aliados e até mesmo de desconhecidos. Cabe a nós respeitar as nossas divergências e nos unir nas convergências”, observou Miguel.
De maneira geral, o prefeito afirmou que considerou a reunião com Raul produtiva e que sentiu que o dirigente recebeu bem o seu projeto de candidatura. “Ele (Raul) foi bastante receptivo. Ele tem uma vivência, uma experiência muito grande, foi secretário, vice-governador, deputado e fiquei feliz com o que vi, com a troca de ideias que tivemos. Mas essa foi apenas a primeira de muitas conversas que teremos, pois na política é assim, você só consegue transformar e somar quando exerce o diálogo, o respeito, a transparência, e é assim também que se constrói a confiança”, detalhou o emedebista.
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