SAÚDE

Com pandemia, saúde foi área prioritária do início da gestão João Campos

Apesar de ter avanços significativos com relação a vacinação da população, ainda há críticas sobre a falta de investimentos na atenção primária a Saúde para garantir o acesso da população mais vulnerável da cidade

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Mirella Araújo

Publicado em 10/04/2021 às 11:27
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Com a pandemia da covid-19 atingindo recordes diários de mais de 4 mil mortes em todo o país, é de se esperar que as gestões municipais coloquem como prioridade a agenda de enfrentamento da doença. No Recife, o prefeito João Campos (PSB) tem sido bem avaliado dentro deste cenário com os avanços no processo de imunização da população. Nessa sexta-feira (9), a capital pernambucana iniciou a vacinação contra a covid-19 em idosos a partir de 62 anos. Segundo o vacinômetro, mais de 249 mil recifenses já foram imunizados, com pelo menos a primeira dose até essa quinta-feira (8).

Na guerra pela aquisição de novas doses, João Campos tem cobrado publicamente agilidade na entrega dos imunizantes. Vice-presidente do Consórcio Nacional de Vacinas das Cidades Brasileiras (Conectar), Campos se reuniu com o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, para tratar do fornecimento da CoronaVac e questionou sobre a entrega das 10 milhões de doses previstas para o mês de abril. “É preocupante o cenário que o País pode atravessar com a interrupção na produção da CoronaVac por falta de insumos. É preciso assegurar a 2ª dose para milhões de pessoas elegíveis para a vacina”, destacou.

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As iniciativas da gestão socialista neste sentido, têm sido reconhecidas até mesmo pela oposição na Câmara. “Existe um cuidado no processo de vacinação na forma como foi proposta. Nós vemos que o Conecta Recife mostrou resultados, sendo destacado até mesmo a nível nacional”, afirma o líder da oposição, o vereador Renato Antunes (PSC), que destaca que essas ações também contam com a atuação e participação da Câmara Municipal do Recife. “O legislativo tem dados sinais de seriedade para enfrentar a pandemia”, pontua.

E também há cobrança por mais clareza com relação aos recursos aplicados pela gestão municipal nesse período de pandemia. “Existe uma dificuldade no acesso das informações no Portal da Transparência. Quando recebemos as denúncias, percebemos que os gastos com a covid-19, não estão todos lá. É muito importante que a gestão trabalhe com transparência”, afirma a vereadora do PSOL, Dani Portela. A Prefeitura do Recife já havia se manifestado, por nota, afirmando que “todas as despesas do município são divulgadas integralmente no portal da transparência”.

Outro ponto observado na atuação de João Campos na área da saúde, se refere a sua postura mais focada em vacinação, mas sem se assumir de frente as estratégias do âmbito estadual, conforme o ex-prefeito Geraldo Julio costumava fazer no ano passado. “Desde que assumiu, com a piora da pandemia, ele tentou criar uma agenda positiva, falando da vacinação e assumindo certo protagonismo neste tema. Mas ele não participa das coletivas, não se coloca na linha de frente. João Campos tem uma aparição tímida quando trata das medidas de isolamento, e assim, ele tenta se desvincular do desgaste que a pandemia traz para os gestores”, avalia a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa.

No entanto, o cientista político e professor da Asces-Unitas, Vanuccio Pimentel, ressalta que a pandemia em si traz um cenário muito particular, o que dificulta uma avaliação por completo da gestão na área da saúde. “Com a pandemia e a restrição de recursos que os municípios passam, como todo ente público, e também por conta da diminuição da renda das pessoas, a gente tem um cenário muito adverso para os 100 dias”, avalia o cientista político.

“Embora as propostas de João Campos para a saúde se enquadravam no plano administrativo: ampliação e entrega de UPAs, ampliação de equipe de atenção à saúde, e outras ações neste sentido, o que a gente verifica que tem ocorrido na condução da pandemia, é basicamente a vacinação”, declara Pimentel.

É justamente neste ponto, sobre todas as demandas que cercam a área da saúde, que a médica e professora da Universidade Federal de Pernambuco, Bernadete Perez, chama atenção para os gargalos existentes no Recife, que se acumulam de gestões anteriores. “Avalio essa gestão como sendo de continuidade, que tem significado um esvaziamento territorial e fragilização no sentido dos modelos de atenção à saúde que precisam se adequar às necessidades de saúde da população recifense”, pontua a médica.

Ela reforça que a vacinação é importante, mas a Prefeitura não pode esquecer de investir na cobertura das equipes de saúde da família, na vigilância epidemiológica para lidar também com outras doenças. “É preciso estabelecer diretrizes de funcionamento das unidades de saúde existentes hoje, inclusive da estrutura física, já que parte delas são extremamente abandonadas. Ter também uma participação democrática dos servidores com base técnica e com critério de competência”, afirma Bernadete.

A Secretaria de Saúde do Recife foi procurada pela reportagem, mas não houve retorno até o fechamento desta matéria. O prefeito do Recife, João Campos, também foi procurado para dar entrevista, mas não houve resposta. Por nota, ao comentar sobre os 100 dias de sua gestão, Campos priorizou a saúde em sua fala. “Nos comprometemos com a população de trabalhar incansavelmente pela cidade e é isso que estamos fazendo. Estamos fazendo o melhor processo de vacinação do Brasil, com a marca da transformação digital, um compromisso nosso de campanha”, declarou o gestor.

“Apoiando a população e reforçando nosso sistema de saúde, sem filas e aglomerações, para que o Recife possa definitivamente vencer a pandemia e largar na frente. Tudo isso sem parar de levar os serviços que a cidade precisa. Então continuamos investindo em Educação, reforçando nossas escolas, fazendo investimento nas áreas de morro com a construção de encostas e o programa parceria, pavimentando ruas, construindo ciclofaixas, proteção social e medidas de combate à desigualdade, enfim uma série de serviços que não pararam enquanto estamos cuidando da pandemia”, complementou João Campos.

PROMESSAS DE CAMPANHA

Durante a campanha, João Campos prometeu construir a maior UPA-E, localizada no bairro de Casa Amarela, e outra UPA-E na Mustardinha, além da construção de 11 upinhas em áreas de vulnerabilidade social. Outra promessa foi a construção do Hospital da Criança, que deverá contar unidade com um Núcleo de Desenvolvimento Infantil, para acompanhar as crianças com deficiência, com transtorno autista, com Síndrome de Down, com dislexia, com hiperatividade, com déficit de atenção e outras coisas. Também estão previstas a abertura de uma Emergência Pediátrica 24 Horas, além de oferta de exames, consultas, internação e cirurgias, com tecnologia de ponta e acolhimento.

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