Após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar, em conversa com apoiadores na última segunda-feira (19), que vai decidir até o fim de abril o seu futuro partidário, o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, veio a público dizer que não acredita no retorno do chefe do Executivo à sigla. O militar da reserva negocia o seu retorno à agremiação desde o segundo semestre do ano passado, mas uma parte dos filiados aos partido é terminantemente contrária à reaproximação.
"Nós não somos intratáveis, tá certo? Mas o presidente tem a sua linha. E eu não acredito que o presidente saia da sua linha. Eu não acredito. Uma coisa é certa: o PSL, a exemplo do que aconteceu em 2018, não será coadjuvante. O PSL vai ter sua opinião própria em relação ao nosso país. Tem muitas coisas de 2018 que efetivamente não foram atendidas. E nós esperamos que em 2022 o PSL se torme um partido de uma candidatura que venha a atender aquilo que não atendeu em 2018. Esse é o sentimento que paira no partido", declarou Bivar, através de nota, indicando que a legenda terá candidatura própria à presidência em 2022.
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Bolsonaro deixou o PSL em novembro de 2019, depois de desavenças com o próprio Bivar. O controle dos recursos da sigla - que em 2018 elegeu 54 deputados, quatro senadores e três governadores -, foi o principal motivo do imbróglio.
De acordo com o Estadão, comenta-se na cúpula do partido que, para regressar ao PSL, o presidente estaria cobrando "alinhamento ideológico" e a expulsão de deputados que têm criticado a sua gestão abertamente, como Joice Hasselmann (SP). Bolsonaro, que também tem conversado com outros partidos, espera entrar em uma legenda grande, que possa dar-lhe condições eleitorais para enfrentar uma eventual candidatura do ex-presidente Lula (PT) no pleito do ano que vem.
Segundo Bivar, independentemente de quem seja o escolhido do partido para disputar o Palácio do Planalto, essa pessoa terá que "seguir e cumprir" as ideias do PSL. "A gente luta pelo ideal, não pela fulanização. O partido é impessoal, formado por ideias, por objetivos dentro do que a sua totalidade entende que seja o melhor para o país. Isso é o nosso norte. O PSL acha-se, pela condição em que está hoje, de não ser coadjuvante em 2022. Isso não vai ser", pontuou.
No pronunciamento feito hoje, Bivar também não descartou a possibilidade do PSL compor uma chapa com outro partido, só que na condição de vice. As discussões internas sobre o tema, garantiu o deputado federal, serão iniciadas no dia 28 de abril.