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Contra CPI, presidente do Clube Militar defende golpe para "restabelecer ordem"
General argumentou que as "trevas" são representadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
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Estadão Conteúdo
Publicado em 29/04/2021 às 23:18
| Atualizado em 29/04/2021 às 23:46
Após agenda oficial do ministro da
Defesa, Walter Braga Netto, registrar dois encontros com militares da reserva no Rio de janeiro, na sexta-feira e no domingo, o presidente do Clube Militar, general Eduardo José Barbosa, publicou na quinta-feira (28), uma nota com críticas e ameaças aos Poderes Legislativo e Judiciário, à oposição e à imprensa. Ele diz que o
Executivo (Jair Bolsonaro) é o único Poder a cumprir a Constituição e crítica a
CPI da Covid, no Senado.
"O Poder Executivo, único dos três poderes que está sendo obrigado a seguir a Constituição a risca, que utilize o Art 142 da Constituição Federal para restabelecer a Lei e a Ordem. Que as algemas voltem a ser utilizadas, mas não nos trabalhadores que querem ganhar o sustento dos seus lares, e sim nos verdadeiros criminosos que estão a serviço do Poder das Trevas."
Segundo o general as "trevas" são representadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "E como "as trevas" têm poder devastador, no dia 27 de abril de 2021, instalou-se uma CPI no Senado, encabeçada por um senador cuja família foi presa recentemente por acusações de esquema de corrupção no Amazonas."
O militar diz que já conhece o resultado CPI. "Culpar o presidente por aquilo que não o deixaram fazer." Depois comparou os parlamentares com o traficante Fernandinho Beira-Mar e Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. "Temos os Marcolas e Fernandinhos Beira-Mar investigando a atuação da polícia". Sobre os ministros do STF, general afirmou: "Se não conseguem inocentar o bandido de estimação, basta encontrar subterfúgios para anular processos". Em um tom messiânico, o general afirmou: "Bastou a eleição de um Presidente que acredita em Deus para que todo o inferno se levantasse contra ele".
Há 20 dias, o Clube publicou artigo em que chamava de traidor os generais que se opunham a Bolsonaro. O Estadão procurou a Defesa ontem para saber com quem o ministro se encontrou no Rio e o que foi tratado nos encontros, mas não obteve resposta. Nesta quinta-feira, 28, Braga Netto foi ouvido na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado. "Não existe politização nas Forças Armadas. Isso é uma ideia equivocada.
Houve uma troca de ministros e, por uma questão funcional, houve troca dos comandantes." Bolsonaro entrou em atrito com a antiga cúpula militar e demitiu o então ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva. O deputado federal Roberto Peternelli Junior (PSL-SP), que é general da reserva, disse não concordar com os termos da nota do Clube. "O pensamento médios de meus colegas é legalista. O Braga Netto pensa como o Fernando. Isso não muda."