O ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Fabio Wajngarten, disse que se reuniu com representantes da farmacêutica Pfizer a fim de discutir o fornecimento de vacinas ao governo federal, porém descartou ter conhecimento de como caminhavam as tratativas da empresa com o ministério da Saúde. Wajngarten, no entanto, confirmou que a carta com proposta de negociação das vacinas ficou parada por quase dois meses no governo federal e chegou a ser ameaçado de prisão pelo relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL) caso estivesse mentindo sobre entrevista concedida à revista Veja.
Calheiros chegou a pedir a prisão do ex-secretário. Decisão que passou a ser discutida pelo parlamentares integrantes da CPI, bem como o presidente da Comissão, Senador Omar Aziz (PSD-AM).
“O espetáculo de mentira é algo que não vai se repetir e não pode servir de precedente.” O pedido de prisão também foi feito pelo senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que é professor de direito penal e delegado de polícia.
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O ex-secretário também foi confrontado sobre entrevista concedida à revista Veja. À publicação, ele disse que entrou em contato com a Pfizer após saber que o laboratório havia enviado carta ao governo para abrir negociação, ficando sem resposta por "incompetência e ineficiência" do governo.
Ao não confirmar a fala na CPI, ele foi ameaçado de prisão pelo senador Renan Calheiros.
"Queria dizer que vou cobrar a revista Veja. Se ele não mentiu, que ela se retrate a ele; e, se ele mentiu à revista Veja e a esta comissão, eu vou requerer, na forma da legislação processual, a prisão do depoente, apenas para dizer isso e para não dizerem que nós não estamos tratando a coisa com a seriedade que a investigação requer”, disparou Renan.
Depoimento e negociações de vacina
As negociações da vacina aconteceram durante gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde. Segundo Wajngarten, os encontros entre ele e a farmacêutica ocorreram no fim do ano passado a fim de apresentar a membros do governo o imunizante desenvolvido contra a covid-19 bem como os insumos para armazenamento, entre eles uma caixa térmica que manteria as vacinas na temperatura recomendada abaixo de 70º C.
"Acho que representantes da Pfizer estiveram no Ministério da Saúde e acho que vieram na Secretaria de Comunicação Secom depois. Não posso ter certeza disso. Acredito que essa caixa térmica tenha rodado Brasília inteira ou parte de quem eles tinham agenda em Brasília", disse durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado.
Durante as negociações com a farmacêutica, Wajngarten relatou ter recomendado que tratasse o Brasil de acordo "com o tamanho do País" e advertido para os entraves logísticos para a distribuição de vacinas. Mais cedo, secretário havia afirmado que "mergulhou de cabeça" na negociação para a compra de vacinas quando soube na "inação" em relação a carta envida pela Pfizer ao governo brasileiro em setembro. Durante o depoimento, Wajngarten ressaltou que "jamais" adjetivou, rotulou ou emitiu opinião sobre a atuação do ex-ministro Pazuello.
Fabio Wajngarten, no entanto, disse que uma carta enviada pela empresa Pfizer permaneceu dois meses sem resposta do governo federal. Segundo ele, a carta fora enviada no dia 12 de setembro de 2020 e não houve resposta do executivo até o dia nove de novembro.