Depois da denúncia de propina na vacina, líder do MBL diz que movimento precisa voltar às ruas contra Bolsonaro
Nesta segunda-feira (29), surgiram denúncias do oferecimento de propina para viabilizar a compra da vacina indiana Covaxin e da Astrazeneca
O líder do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan Santos, defendeu a necessidade de ir as ruas e protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), diante das denúncias que vem surgindo sobre a suposta participação do governo em um esquema de propina envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.
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"Pessoal, tudo se encaminha pra um gigantesco esquema de roubo de vacina. Não da pra não ir pra rua. Repito: eh minha posição pessoal. Mas não da pra fugir dessa discussão mais", afirmou Renan em sua página do Twitter.
Pessoal, tudo se encaminha pra um gigantesco esquema de roubo de vacina. Não da pra não ir pra rua. Repito: eh minha posição pessoal. Mas não da pra fugir dessa discussão mais.
— Renan Santos ???? (@RenanSantosMBL) June 29, 2021
Em maio deste ano, Renan Santos apontou o apresentador de televisão e humorista Danilo Gentili como opção de "terceira via" fora da polarização política ente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o ex-presidente Lula (PT) para as eleições presidenciais de 2022. O nome Gentilli começou a ser cogitado depois que o MBL o incluiu em uma pesquisa eleitoral.
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Propina
O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) - que denunciou supostas irregularidades na compra da vacina contra a covid-19 Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biontech, pelo governo Bolsonaro - teria recebido uma oferta de propina para parar de atrapalhar a comprar do imunizante, afirmou a Revista Crusoé. A revista diz ter tido acesso às conversas de Luis Miranda com interlocutores relatando as reuniões em que a propina foi oferecida.
O lobista Silvio Assis, que atuaria como representante da Precisa Medicamentos, intermediária entre o governo brasileiro a indiana Bharat Biotech, prometeu um ganho de seis centavos de dólar a Miranda por dose da vacina vendida ao Ministério da Saúde. O cálculo é de que ele poderia ganhar US$ 1,2 milhão, o equivalente a R$ 6 milhões, caso aceitasse.
Outra denúncia envolve uma declaração de representante de uma vendedora de vacinas em entrevista à Folha de S.Paulo afirmando que recebeu pedido de propina de US$ 1 por dose em troca de fechar contrato com o Ministério da Saúde.
Segundo a Folha, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, que se apresenta como representante da empresa Davati Medical Supply, disse que o diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, cobrou a propina em um jantar no restaurante Vasto, no Brasília Shopping, na capital federal, no dia 25 de fevereiro. O jornal acrescenta que Roberto Dias foi indicado ao cargo pelo líder do governo de Jair Bolsonaro na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Sua nomeação ocorreu em 8 de janeiro de 2019, na gestão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM).
De acordo com a Folha, a Davati procurou o governo federal para oferecer 400 milhões de doses do imunizante desenvolvido pela Astrazeneca e a Universidade de Oxford. Na época, cada dose sairia por US$ 3,5 (o equivalente a R$ 17,35 pela cotação desta terça-feira).
"Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: 'Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo'. E eu falei: 'Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'", afirmou Dominguetti à Folha
Foi aí que Dias teria apresentado a proposta de majorar o valor do imunizante para viabilizar o negócio. O empresário teria dito que esse tipo de acordo não era possível porque as doses vinham do exterior e, lá, as companhias não operavam dessa maneira.
A solução apresentada pelo diretor do ministério seria adicionar um dólar ao valor de cada dose. Com a cotação atual, US$ 400 milhões equivalem a R$ 1,984 bilhão. "Foi uma coisa estranha porque não estava só eu, estavam ele e mais dois. Era um militar do Exército e um empresário lá de Brasília", descreveu Dominguetti à Folha.
Ao jornal, o empresário disse ter certeza que conversou com o representante do governo federal. Sugeriu que os dados telemáticos do seu celular e as câmeras de segurança do local podem ser usadas para confirmar o encontro.