Ameaçado pela presença do ex-presidente Lula (PT) na corrida eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem anunciado medidas para impulsionar sua popularidade até 2022. Ao todo, as propostas somam R$ 67 bilhões, valor superior a dois anos do Bolsa Família nos moldes atuais. Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), órgão ligado ao Senado Federal, o programa — prestes a ser substituído — custará, até o final de 2021, R$ 26,5 bilhões aos cofres públicos.
O presidente mobiliza ministros a aumentar gastos no ano em que tentará a reeleição ao Palácio do Planalto. Somam-se ao movimento também pressões do Congresso por mais recursos públicos. A escalada pressiona o time do ministro da Economia, Paulo Guedes, contra as regras fiscais e leva interlocutores a constatarem que o Orçamento para 2022 é o mais desafiador dos últimos dez anos.
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Segundo a Folha de S.Paulo, fazem parte da conta itens como a isenção para o diesel no próximo ano (R$ 26 bilhões, segundo Bolsonaro), a expansão no Bolsa Família (de ao menos R$ 25 bilhões, segundo Guedes), a reforma tributária (que subtrai R$ 7,7 bilhões de estados e municípios) e o aumento no funcionalismo (que a equipe econômica tenta limitar a R$ 5 bilhões).
Em meio a isso, o governo federal prepara também uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para parcelar os precatórios. A dívida que atinge quase R$ 90 bilhões seria paga em nove anos para abrir espaço no Orçamento.
Inflação pode ajudar
Segundo especialistas, em 2022, a inflação pode dar uma certa folga no teto de gastos à gestão Bolsonaro, isso porque o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA, indicador oficial da inflação) de junho marcou 8,35% em 12 meses. Como a legislação garante que teto do ano seguinte deve sempre ser calculado pela inflação acumulada em 12 meses até junho do ano anterior, se o governo conseguir reduzir o IPCA, pode ter uma "gordura" de R$ 124 bilhões no ano que vem.
Mesmo assim, economistas alertam que o ideal seria manter a rigidez fiscal, e não aumentar a percepção de risco país do mercado. Com o aumento do gasto público, a equipe econômica deve afastar investidores que ficam preocupados com o tamanho da proporção dívida/PIB.
Com informações da Folha de S.Paulo