Eleições 2022

Acusado de ser infiel a Bolsonaro, Miguel Coelho diz que 'aliança se demonstra com ações, não falando alto nas redes sociais'

Aliados pernambucanos do presidente têm criticado o prefeito de Petrolina por ele manter conversas com partidos que fazem oposição ao governo federal

Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 02/09/2021 às 19:27
JONAS SANTOS/DIVULGAÇÃO
FILHO Aliados do presidente têm criticado a pré-candidatura do filho do líder do governo no Senado - FOTO: JONAS SANTOS/DIVULGAÇÃO
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Filho do líder do governo Bolsonaro no Senado, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), que é pré-candidato ao Palácio do Campo das Princesas, minimizou na manhã desta quinta-feira (2) as críticas que têm recebido de bolsonaristas conservadores do Estado por manter conversas com partidos que fazem oposição ao presidente. "No interior a gente costuma dizer que quanto mais cabra, mais cabrito", declarou o gestor sertanejo, explicando que, na sua opinião, quanto mais forças estiverem unidas em um mesmo projeto de oposição ao PSB de Pernambuco no próximo pleito, mais chances esse grupo terá de vencer a disputa.

"A melhor aliança que pode haver na política não é a que fica nas redes sociais falando alto, mas a que demonstra em ações de que lado você está. Então eu tenho a consciência tranquila quanto a isso, esse fogo-amigo não me atrapalha, eu tenho uma visão ampla das coisas, não uma visão míope de que preto é preto e branco é branco. Na política é necessário ter largueza, tamanho e entender que você não é o melhor de todos em tudo. Eu tenho muita humildade em reconhecer que as alianças são necessárias para atrair mais forças, mais gente e mais propostas em prol de um projeto de Estado", afirmou Miguel, durante entrevista à Rádio Clube. O prefeito tem feito reuniões recorrentes com lideranças como o deputado federal Wolney Queiroz, que preside o PDT em Pernambuco, partido que faz dura oposição ao governo federal.

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Perguntado se encontrará com Bolsonaro durante a visita que o presidente da República fará a Pernambuco nesta sexta (3) e sábado (4), Miguel afirmou que foi convidado para a Passagem de Cargo do Novo Comandante Militar do Nordeste, do general Marco Antônio Freire Gomes para o general Richard Fernandez Nunes, mas que ainda não sabe se comparecerá à solenidade. O senador Fernando Bezerra Coelho, porém, estará na cerimônia e, inclusive, virá com o presidente de Brasília para o Recife.

"Eu posso ir para essa agenda, até porque não se trata de um evento político, mas de um evento institucional de uma das instituições mais fortes e preservadas do País, que é o Exército Brasileiro. A gente não pode misturar a pauta política com a pauta administrativa, até porque eu ir ou não ao evento não diz nada sobre a nossa aliança", observou o prefeito.

Miguel vem defendendo reiteradamente que não se deve nacionalizar a eleição estadual do próximo ano, sendo necessária a discussão dos problemas do Estado pelos postulantes ao cargo de governador. Por essa razão, o gestor diz não ver grandes problemas na união, no Estado, de partidos que nacionalmente estão em campos opostos.

"Eu tenho conversado não só com o deputado Wolney, mas com outras lideranças, sejam de oposição ou que hoje estejam na Frente Popular, até porque essas pessoas hoje estão lá, mas se a gente conseguir construir um projeto que encante, que inspire e dê força e motivos para as pessoas se orgulharem, para um futuro melhor, por que não abrir as portas para novos apoios? No interior a gente costuma dizer que quanto mais cabra, mais cabrito. Se você está em um barco remando sozinho e pode colocar mais duas, cinco ou dez pessoas para remar com você, você vai chegar mais longe mais rápido. Nós respeitamos os espaços e momentos de cada um, mas também colocamos um projeto maior acima de projetos pessoais", cravou Miguel.

De malas prontas para deixar o MDB e filiar-se ao DEM, o prefeito de Petrolina também comentou na entrevista os rumores de que a deputada estadual Priscila Krause (DEM) não teria ficado satisfeita com o lançamento da pré-candidatura do gestor pelo seu partido. Priscila é amiga pessoal de Raquel Lyra (PSDB), prefeita de Caruaru e também cotada para a disputa do governo em 2022. Nos bastidores, há quem diga também que a parlamentar teria certa resistência com o grupo dos Coelho porque, no passado, FBC teria trabalhado para tornar o deputado estadual Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB) líder da oposição, quando a deputada preparava-se para assumir o posto.

"Assim que terminou a reunião que eu tive em Brasília com Mendonça Filho e ACM Neto em que ficou decidida a minha filiação ao DEM, a primeira pessoa para quem eu liguei foi a deputada Priscila, querendo que a gente marcasse um café para a gente poder estreitar ainda mais os laços. Quero ressaltar que eu sempre tive uma relação muito transparente e respeitosa com ela, pois fomos deputados juntos na Legislatura em que passei dois anos na Assembleia Legislativa. Respeito e sou admirador do trabalho dela e com certeza ela é um dos principais quadros desse ciclo de renovação que a política pernambucana vem vivenciando nas últimas eleições", pontuou Miguel, afirmando que se encontrará com a deputada no Recife nesta sexta-feira (3).

Sobre o seu ato de filiação ao Democratas, Miguel reafirmou que ele ocorrerá no dia 25 de setembro e que o local já foi definido, o Bairro do Recife. O prefeito contou que a lista de convidados para o evento conta com nomes como o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do senador Davi Alcolumbre, do presidente da sigla, ACM Neto, além dos governadores de Goiás e Mato Grosso, Ronaldo Caiado e Mauro Mendes, respectivamente.

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